Uma megaoperação policial realizada nos Complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, revelou a complexa rede de proteção de Edgar Alves Andrade, conhecido como Doca ou Urso, apontado como o principal líder do Comando Vermelho (CV) na região. Segundo informações de analistas, cerca de 70 criminosos faziam a segurança pessoal do traficante durante a ação, realizada na terça-feira (28). Mesmo cercado, Doca conseguiu escapar.
De acordo com dados do Ministério Público divulgados nesta quarta-feira (29), 132 pessoas morreram nos confrontos. Já as forças de segurança do Rio falam em 119 mortos.
Além de Doca, outros líderes do CV estavam na mira da operação, entre eles Carlos da Costa Neves, o Gadernau, e Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, conhecido como BMW. A ofensiva tinha como objetivo cumprir 100 mandados de prisão e desarticular a estrutura logística da facção na região.
O Disque Denúncia oferece atualmente recompensa de R$ 100 mil por informações que levem à captura de Doca — o mesmo valor que foi pago na época pela localização de Fernandinho Beira-Mar, quando ele fugiu para a Colômbia. Para investigadores, o número expressivo de homens que protegiam Doca demonstra sua importância estratégica dentro do Comando Vermelho.
Especialistas afirmam que os chefes da facção recebem treinamento de guerrilha e técnicas avançadas de proteção pessoal, o que torna a aproximação das forças de segurança extremamente arriscada. Para chegar até o líder, seria necessário ultrapassar diversas barreiras de criminosos fortemente armados.
Diferente da histórica operação no Complexo do Alemão, em 2010, que contou com apoio das Forças Armadas e planejamento minucioso, a ação desta semana foi planejada em curto prazo, apostando no efeito surpresa. Essa estratégia, segundo fontes da segurança pública, pode ter contribuído para a intensidade dos confrontos e o elevado número de vítimas.
Mais de 2,5 mil agentes participaram da megaoperação, incluindo policiais civis, militares e unidades especiais. A ação faz parte de um esforço contínuo para conter a expansão territorial do Comando Vermelho, que tem ampliado sua influência tanto na capital fluminense quanto em outros estados do país.
