A megaoperação policial deflagrada nesta terça-feira (28) na Zona Norte do Rio de Janeiro, que deixou ao menos 64 mortos e mais de 80 presos, repercutiu amplamente na imprensa internacional. A ação, batizada de Operação Contenção, foi classificada pelo governo estadual como a maior e mais letal da história do estado.
Veículos estrangeiros descreveram o cenário como “caótico”, com “cenas de guerra” e “violência sem precedentes” nas comunidades dos complexos do Alemão e da Penha — áreas dominadas pelo Comando Vermelho (CV). A operação mobilizou 2,5 mil policiais, 32 blindados, helicópteros e drones.

O jornal britânico The Guardian afirmou que o Rio viveu “o pior dia de violência da história” e destacou que os confrontos começaram ainda antes do amanhecer, deixando moradores sob intenso tiroteio. O periódico também citou a indignação de grupos de direitos humanos diante do “derramamento de sangue”.
Já o espanhol El País descreveu o Rio como um “cenário de caos colossal”, chamando atenção para o uso de drones por criminosos e a ausência de apoio federal à operação. O governador Cláudio Castro (PL) criticou a falta de auxílio das Forças Armadas, afirmando que o estado está “sozinho na guerra contra o narcoterrorismo”.
A rádio francesa RFI destacou que, embora ações policiais sejam comuns no Rio, “o número de mortos registrado nesta terça-feira é extraordinário, mesmo para uma cidade acostumada à violência”. Segundo dados citados pela emissora, quase 700 pessoas morreram em operações policiais no estado somente em 2024.
A alemã Deutsche Welle (DW) lembrou que grandes operações policiais costumam anteceder eventos internacionais no Brasil, como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O periódico relacionou a ação à proximidade da COP30 e da Cúpula C40, que reunirá prefeitos de todo o mundo.
O argentino Clarín também estampou o tema em suas páginas, destacando “cenas de guerra no Rio de Janeiro”. “Um vídeo mostra quase 200 tiros disparados em um minuto, em meio a nuvens de fumaça”, escreveu o jornal.
De acordo com a Secretaria de Segurança, o objetivo da operação foi conter a expansão territorial do Comando Vermelho e prender lideranças da facção, algumas com atuação em outros estados. Entre os alvos estavam operadores financeiros de Edgar Alves de Andrade, o “Doca” ou “Urso”, apontado como um dos chefes do grupo.
Durante os confrontos, três pessoas foram baleadas por disparos perdidos e levadas ao Hospital Getúlio Vargas. A Polícia Civil informou que 100 mandados de prisão foram expedidos, sendo 30 fora do Rio de Janeiro.


Fotos G1
