
Nesta quarta-feira (11), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, demonstrou forte indignação com a postura de deputados bolsonaristas durante uma audiência na Câmara. Segundo Haddad, parlamentares como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carlos Jordy (PL-RJ) fizeram perguntas provocativas, apresentaram dados falsos e, em seguida, deixaram a sala antes mesmo que ele pudesse responder.
O episódio culminou em uma discussão acalorada que envolveu também o deputado Capitão Alberto (PL-AM), levando ao encerramento da sessão. Haddad classificou a atitude de “molecagem” e “nociva à democracia”.
Em conversa com jornalistas após o encontro, o ministro não poupou críticas: “Eu considero um desrespeito muito grande. A pessoa se dispor a vir ao Parlamento, tanto à Câmara como ao Senado, sempre com muita disposição, sempre com todo o interesse de esclarecer. E outra pessoa faz uma pergunta, vomita uma porção de números errados sobre a economia e ele simplesmente sai, sai da sala antes de ouvir a resposta. Então qual é o objetivo de uma reunião como essa?”.
Comparação com Bolsonaro em 2018 e a “Fuga” do Debate
Haddad traçou um paralelo entre a atitude dos deputados e a postura do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018. Ele recordou que, mesmo com alta médica, Bolsonaro “fugiu” dos debates presidenciais em que Haddad também era candidato.
“Toda vez é isso, toda vez que nós vimos aqui para esclarecer, eles fogem do debate num tom desrespeitoso, num tom jocoso, sempre fazendo pouco caso das informações que são prestadas, que são informações oficiais. Então, eu penso realmente que esse tipo de postura não contribui. Daqui a pouco, esse tipo de atividade que é essencial para manter uma relação do Executivo com o Legislativo em alto nível, ela não vai mais acontecer”, alertou o ministro.
Fake News e Tumulto em Audiências
O ministro da Fazenda também relembrou um episódio similar envolvendo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ocorrido na semana retrasada. Haddad atribuiu a alguns parlamentares a prática de realizar ataques com o objetivo de municiar as redes sociais com informações distorcidas.
“Daqui a pouco, qual é o ministro que vai se sentir à vontade para prestar esclarecimentos? Se as pessoas simplesmente falam o que querem e deixam a sala, não escutam o que nós temos para responder. Por que perguntou, então? Se não é para ouvir a resposta, perguntou para quê? Qual o objetivo desse debate? Se é que é um debate”, questionou Haddad.
Durante o debate desta quarta-feira, os deputados Nikolas Ferreira e Carlos Jordy criticaram as propostas de Haddad para compensar isenções fiscais – uma medida já determinada pelo STF no ano passado – e para substituir a alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em algumas operações, da qual o governo havia desistido.
Jordy chegou a afirmar que a atual gestão teria gerado o maior déficit da história e “arruinado” o superávit deixado pelo governo anterior. Haddad refutou as informações, classificando-as como falsas. Ele destacou que o maior déficit, de R$ 720 bilhões, foi registrado por Bolsonaro em 2019. Além disso, o ministro lembrou que, em 2022, ano eleitoral, o governo Bolsonaro realizou manobras contábeis, como a venda de ativos e o calote em pagamentos de precatórios e repasses a estados, deixando a “conta” para a gestão atual.