
Em um intervalo de apenas seis meses, o motorista de aplicativo Júlio César Talarico, de 34 anos, viveu duas tragédias consecutivas que o deixaram sem condições de trabalhar e endividado. Morador de Rio Claro, no interior de São Paulo, ele teve dois carros destruídos em situações absolutamente improváveis — uma delas, envolvendo até um avião.
A primeira aconteceu em janeiro deste ano, em Ubatuba, no litoral paulista. Júlio havia acabado de estacionar seu Fiat Cronos, adquirido com esforço, quando um avião de pequeno porte ultrapassou a pista do aeroporto local e caiu na Praia do Cruzeiro. A aeronave atingiu o carro dele, que foi danificado pela explosão causada na queda. Apesar do susto, ninguém se feriu gravemente, mas o veículo ficou parcialmente destruído.
Júlio tentou acionar o seguro, mas descobriu que a aeronave não tinha seguro válido, e o processo na Justiça segue sem solução até hoje. Ele estimou o prejuízo em cerca de R$ 17 mil. Mesmo assim, continuou trabalhando com o carro até conseguir trocar de veículo.
O novo automóvel, outro Fiat Cronos, foi comprado em setembro de 2024 com financiamento de 48 parcelas mensais de R$ 2.600. No entanto, no dia 5 de julho deste ano, ele sofreu outro golpe. Durante uma corrida, foi rendido por um criminoso armado em Rio Claro. O assaltante o obrigou a dirigir até uma viela e depois fugiu com o carro. Pouco depois, durante a fuga, o ladrão colidiu com uma carreta na Rodovia Washington Luís. O veículo capotou, o criminoso morreu, e o carro ficou completamente destruído.
Para piorar a situação, Júlio havia contratado um novo seguro para o carro, mas ainda não havia enviado as fotos exigidas para a ativação completa da cobertura. A entrega da documentação estava marcada para dois dias depois do assalto, o que o deixou desprotegido no momento da perda.
Sem seguro e com o carro em perda total, ele agora enfrenta o desafio de pagar um financiamento alto por um carro que já não possui. Como não pode mais trabalhar e precisa continuar pagando as parcelas, Júlio iniciou uma vaquinha virtual para tentar arrecadar cerca de R$ 50 mil e quitar a dívida.
“Eu renasci duas vezes neste ano. Fiquei no prejuízo, mas Deus deu sinal pra mim e me livrou. Agora, estou tentando me reerguer”, declarou o motorista.