
Mato Grosso encabeça, mais uma vez, o ranking nacional de feminicídios no Brasil. O dado consta no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, divulgado nesta quinta-feira (24), que aponta o índice de 2,5 mortes de mulheres por 100 mil habitantes, a maior taxa entre todos os estados brasileiros. Em números absolutos, foram 47 feminicídios registrados no ano passado no estado.
O cenário segue grave em 2025: segundo o Observatório Caliandra, do Ministério Público de Mato Grosso, 30 feminicídios já foram registrados entre janeiro e julho — o que corresponde a 63,8% do total do ano anterior, restando ainda cinco meses para o fim do ano.
Um dos casos mais recentes ocorreu no último sábado (19), na cidade de Poxoréu (259 km de Cuiabá), onde Ednamara da Silva Pereira, de 28 anos, foi assassinada a facadas dentro de casa. O autor do crime é o próprio marido, Warley Souza de Araújo, de 34 anos, preso em flagrante.
Outro dado alarmante é o número de feminicídios seguidos de suicídio dos agressores: foram oito casos em 2024 em Mato Grosso, colocando o estado em empate com Santa Catarina e Piauí nesse recorte específico.
Apesar do panorama trágico, o estado registrou um avanço em uma frente: houve redução no número de assassinatos de mulheres com medidas protetivas em vigor. Em 2023, oito vítimas haviam sido mortas mesmo com o respaldo judicial. Em 2024, esse número caiu para um.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública alerta, no entanto, que os dados ainda enfrentam obstáculos como a subnotificação, o silêncio das vítimas e a naturalização da violência de gênero — o que pode mascarar a real dimensão do problema.
No total, o Brasil registrou em 2024 a maior média desde que o crime de feminicídio foi tipificado: 1.492 mulheres foram assassinadas por questões de gênero, o que representa quatro mortes por dia.
