
Em um caso que surpreendeu até as autoridades mais experientes da Croácia, o corpo mumificado de uma mulher foi encontrado em 2008 sobre uma cama, com a televisão ainda ligada, em um pequeno apartamento na capital Zagreb. A descoberta revelou o extremo isolamento de Hedviga Golik, uma ex-enfermeira nascida em 1924, cujo desaparecimento passou despercebido por mais de quatro décadas.
A revelação só ocorreu quando o síndico do prédio precisou iniciar obras no local e, após várias tentativas de contato sem sucesso, foi forçado a arrombar o imóvel. Dentro, encontrou a cena intacta: Hedviga estava deitada em sua cama, coberta por cobertores, com uma xícara de chá ao lado e o aparelho de televisão ligado — como se o tempo tivesse simplesmente parado.
Moradora reclusa de um apartamento de apenas 18 metros quadrados, localizado no sótão de um edifício de quatro andares, Hedviga evitava contato social ao máximo. Vizinhos relataram que ela utilizava um balde preso a uma corda para enviar listas de compras aos poucos moradores com quem mantinha algum contato, evitando sair de casa até para necessidades básicas.
Quando ela desapareceu, na década de 1960, muitos presumiram que teria se mudado discretamente. Ao longo dos anos, o apartamento permaneceu trancado e ignorado até que a necessidade de reforma expôs o abandono.
A autópsia não conseguiu determinar com precisão a causa da morte, mas indicou que o falecimento ocorreu durante uma estação fria, o que favoreceu a mumificação natural do corpo. O caso chamou atenção não apenas pelo tempo que passou despercebido, mas também pelo retrato de solidão extrema que revelou.