Uma cena inusitada movimentou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Ipase, em Várzea Grande, neste domingo (26). Uma mulher levou uma boneca “bebê reborn” — conhecida por sua semelhança impressionante com um recém-nascido real — e insistiu que o brinquedo fosse atendido por um médico, alegando que o “bebê” estava gripado.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a mulher acompanhava uma paciente em consulta e, durante o atendimento, pediu que a pediatra examinasse o “bebê”. A profissional chegou a observar o boneco, mas explicou que o atendimento não poderia ser realizado por se tratar de um objeto sem registro civil ou cartão do SUS.
Inconformada com a resposta, a mulher deixou a unidade visivelmente aborrecida. O episódio chamou atenção por ocorrer poucos dias após a Câmara Municipal de Cuiabá ter anulado a votação de um projeto de lei que buscava justamente proibir o atendimento de bonecas “reborn” nas unidades públicas de saúde da capital.
O projeto, de autoria do vereador Rafael Ranalli (PL), previa multa de até R$ 10 mil para unidades reincidentes e responsabilização de profissionais que realizassem atendimentos desse tipo. A proposta foi alvo de risos no plenário, especialmente quando a vereadora Katiuscia Manteli (PSB) não conteve o riso ao anunciar o parecer da Comissão de Constituição e Justiça. O constrangimento levou à anulação da votação por falta de quórum — apenas 10 vereadores participaram, sendo quatro contrários e seis favoráveis à manutenção do parecer. A proposta deve retornar à pauta na próxima quinta-feira (30).
Com o caso em Várzea Grande, a discussão voltou à tona: até onde vai a responsabilidade do poder público diante de situações atípicas nas unidades de saúde?
Nota da Coordenação da UPA Ipase
Em comunicado oficial, a Coordenação da UPA Ipase esclareceu que “durante o atendimento médico de uma paciente, a acompanhante solicitou que a médica pediatra avaliasse um ‘bebê’ com sintomas gripais. Ao verificar que se tratava de um boneco realista, a médica explicou que o atendimento não seria possível, por falta de registro civil e cartão do SUS”.
A nota reforça que os atendimentos devem ser destinados “a pacientes que realmente necessitam de cuidados médicos, evitando prejuízos à assistência prestada à população”.

Meu Deus, onde iremos parar???