
Mato Grosso, potência mundial na produção de grãos e fibras, também se projeta como um celeiro de inovação sustentável Um exemplo desse movimento é a NanoGrow, startup, que projeta transformar ciência em soluções para um agro mais eficiente, tecnológico e conectado às demandas da sociedade urbana. Criada por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), ela acaba de conquistar projeção nacional ao vencer o Hackathon Smart Agro 2025, realizado durante a ExpoLondrina, no Paraná.

A empresa apresentou soluções de nanotecnologia para agricultura sustentável, capazes de aumentar a eficiência da fotossíntese, fortalecer plantas contra pragas e reduzir a necessidade de insumos químicos. Na prática, trata-se de uma revolução silenciosa: produzir mais em áreas já cultivadas, sem abrir novas fronteiras agrícolas, e ainda reduzir emissões ligadas ao transporte e à fabricação de fertilizantes e defensivos.
O projeto, idealizado por pesquisadores e jovens talentos acadêmicos, já posiciona nanotecnologias como o NanoCarbono, que acelera a fotossíntese e melhora o desempenho das plantas, e a Nanosílica, que amplia a resistência contra pragas e doenças. Segundo os fundadores, essas soluções são atóxicas e seguras para o meio ambiente, unindo ciência de ponta à urgência global por sistemas alimentares mais sustentáveis.
“Estamos transferindo anos de pesquisa para o campo, com foco em culturas estratégicas como soja, milho, algodão e pastagem. Isso significa mais eficiência, mais resiliência e menos pressão sobre os recursos naturais”, explica um dos integrantes da NanoGrow.
Do campo para a cidade
O impacto da inovação ultrapassa as fazendas. Segundo o pesquisador Ailton Terezo, doutor em eletroquímica pela UFMT, cada ganho de produtividade no campo tem reflexos diretos na vida urbana:
“Quando usamos nanotecnologia para melhorar a fotossíntese e a sanidade das plantas, entregamos alimentos mais acessíveis, diminuímos pressão sobre o meio ambiente e, indiretamente, colaboramos para cidades com mais segurança alimentar, ar mais limpo e menor risco climático.”
Com a tecnologia, experimentos em culturas como algodão já mostraram aumentos de até 176% na massa seca das plantas. Esse salto produtivo pode representar menos desperdício de recursos naturais e maior estabilidade nos preços dos alimentos que chegam às mesas urbanas.
Ciência mato-grossense a serviço do futuro
A NanoGrow nasceu como uma spin-off acadêmica apoiada pelo Escritório de Inovação Tecnológica (EIT/UFMT), consolidando a vocação de Mato Grosso em unir ciência e agronegócio. Hoje, a startup já domina processos escaláveis de produção de nanomateriais e prepara o caminho para levar sua tecnologia ao mercado em grande escala.
Além de posicionar Mato Grosso como protagonista em inovação agro, o projeto reforça uma mentalidade que ganha força no estado: o agro sustentável não é apenas produção rural, mas também solução climática e social. Cada hectare poupado de desmatamento significa menos pressão sobre mananciais que abastecem cidades; cada redução no uso de fertilizantes químicos representa menos emissão de gases que agravam ondas de calor e enchentes urbanas.
Diferencial competitivo e ecossistema de inovação
O case da NanoGrow ilustra como Mato Grosso pode ir além do título de grande produtor e assumir papel de protagonista em inovação agro. A startup nasceu como uma spin-off acadêmica apoiada pelo Escritório de Inovação Tecnológica da UFMT (EIT), conectando laboratórios de pesquisa ao mercado real.
Essa integração fortalece o ecossistema de inovação regional ao atrair investimentos, formar talentos em ciência aplicada e inspirar novas startups. Mais que desenvolver tecnologia, a NanoGrow ajuda a consolidar uma cultura de inovação no estado, criando um diferencial competitivo frente a outros polos agrícolas do país e do mundo.
Impacto urbano e social
O impacto das soluções vai muito além das lavouras. A lógica é clara: sustentabilidade no campo gera benefícios diretos para quem vive nas cidades. Entre os reflexos estão:
- Estabilidade de preços: maior produtividade com menos perdas reduz a oscilação nos valores dos alimentos que chegam às mesas urbanas.
- Segurança alimentar: culturas mais resistentes a pragas e ao estresse climático significam menos risco de escassez.
- Qualidade ambiental: ao diminuir a pressão por abertura de novas áreas agrícolas, preservam-se florestas e mananciais que abastecem cidades.
- Menos poluição: redução do uso e transporte de insumos químicos significa menos emissão de gases de efeito estufa e melhor qualidade do ar.
- Qualidade de vida: um agro mais sustentável colabora para mitigar fenômenos extremos, como ondas de calor e enchentes, que impactam diretamente os centros urbanos.
Um futuro conectado
Para os pesquisadores da NanoGrow, inovação e responsabilidade caminham juntas. Como resume o professor Ailton Terezo:
“Cada inovação científica precisa ser medida também em termos ambientais. Quantos quilos de CO₂, quantos litros de água e quantos hectares de floresta são poupados. Essa mentalidade é o que transforma ciência em solução climática e social.”
A iniciativa ganha ainda mais relevância porque conecta o campo às cidades. Com maior produtividade e sanidade vegetal, os produtores garantem segurança alimentar, estabilidade de preços e menor poluição, fatores que impactam diretamente na vida urbana. “Quando o campo produz com sustentabilidade, a cidade ganha qualidade de vida. Esse é o círculo virtuoso que queremos impulsionar”, completa outro pesquisador.
Além da inovação científica, a NanoGrow também se destaca por fortalecer o ecossistema de inovação mato-grossense, unindo diferentes níveis acadêmicos — da Iniciação Científica ao Doutorado — em projetos que aproximam a pesquisa do mercado. A estratégia posiciona Mato Grosso como um estado que não apenas lidera a produção agrícola, mas também a inovação de alto impacto.
Nesse contexto, a Aprosoja-MT tem desempenhado papel fundamental, apoiando produtores no caminho da sustentabilidade e valorizando práticas que conciliam produtividade e responsabilidade ambiental. “O agro de Mato Grosso é cada vez mais reconhecido pela sua capacidade de produzir e preservar. E a tecnologia é a chave para mantermos essa liderança”, destacou o Presidente da associação, Lucas Beber.
A participação da NanoGrow na ExpoLondrina reforça que o futuro do agro está além das porteiras. O impacto urbano e social das inovações tecnológicas mostra que sustentabilidade no campo não é apenas uma pauta rural, mas uma condição essencial para a vida nas cidades — do alimento acessível à redução de emissões e à segurança alimentar.
“Estamos construindo um agro mais resiliente, competitivo e sustentável. E isso beneficia a todos, do produtor rural ao cidadão que depende do alimento saudável e acessível na mesa”, finaliza a equipe da startup.