
Nos últimos meses, no entanto, as tratativas avançaram, e as iniciativas podem finalmente sair do papel.
A Netflix está negociando com os ministérios da Educação e do Turismo para colaborar em dois projetos no Brasil: a criação de salas de cinema em instituições de ensino federais e uma campanha de turismo baseada em produções brasileiras da plataforma. A informação é da Folha de S.Paulo.
As conversas não são recentes — a ideia das salas começou a ser discutida no primeiro semestre de 2024, e a proposta da campanha turística já circula há cerca de dois anos. Nos últimos meses, no entanto, as tratativas avançaram, e as iniciativas podem finalmente sair do papel.
Essa aproximação com o governo federal ocorre num momento estratégico, em que o setor de streaming está prestes a ser regulamentado no Congresso. Recentemente, a Netflix também anunciou um investimento de R$ 5 milhões na Cinemateca Brasileira, via Lei Rouanet — a primeira vez que a empresa recorre à legislação.
Cinemas em escolas técnicas
O projeto com o Ministério da Educação prevê a instalação de salas de cinema em cinco institutos federais com cursos técnicos na área de audiovisual: São Miguel Paulista (SP), Curitiba (PR), Cidade de Goiás (GO), Alvorada (RS) e Recanto das Emas (DF). No entanto, por enquanto, apenas uma unidade servirá como projeto-piloto.
A estrutura das salas será inspirada nos CEUs (Centros Educacionais Unificados) integrados ao Circuito Spcine, da prefeitura de São Paulo. A iniciativa faz parte do Fundo Netflix pela Equidade Criativa, voltado à formação audiovisual em países onde a empresa atua. O México já foi contemplado com uma ação semelhante.
Turismo com cara de série
Já em parceria com o Ministério do Turismo e a Embratur, a plataforma planeja lançar uma campanha que promova destinos brasileiros tendo como gancho personagens e cenários de suas séries e filmes. A ideia segue exemplos de países como a França, que usou a série Emily em Paris para atrair turistas aos locais mostrados na produção.
Em nota, a Embratur afirmou que ainda não há contrato assinado, mas que mantém “diálogo institucional com plataformas” para valorizar a cultura e o turismo nacional.
Streaming na mira do Congresso
Enquanto isso, o Congresso Nacional discute a regulamentação dos serviços de streaming. Dois projetos estão em tramitação: um no Senado, que propõe uma contribuição de 3% sobre a receita operacional bruta das plataformas; e outro na Câmara, que sugere uma taxa de 6% sobre a receita bruta. Este último já teve regime de urgência aprovado em 2023.
O tema voltou a ganhar força em Brasília, com reuniões que contaram com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e de representantes do setor audiovisual.