
A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou nesta terça-feira (2) a Operação Conductor, que desarticulou um grupo criminoso responsável pelo fornecimento de drogas para pelo menos duas facções atuantes no Estado. Ao todo, foram cumpridos 91 dos 95 mandados judiciais expedidos contra os integrantes, que atuavam com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro nas regiões de fronteira e na área metropolitana de Cuiabá. Quatro mandados ainda não foram cumpridos.

Durante a operação, foram apreendidos R$ 29 mil em espécie, cinco veículos e 190 munições. Entre os alvos, 12 pessoas foram presas, sendo que uma delas também foi autuada em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. Os mandados foram executados pelas Delegacias Especializadas em Repressão aos Crimes de Fronteira (Defron) e ao Crime Organizado (Draco) de Cáceres, após mais de um ano de investigação.
O principal alvo é um advogado de 32 anos, conhecido como “Doutor”, apontado como líder do grupo. Ele controlava remotamente o transporte, armazenamento e distribuição das drogas na região metropolitana de Cuiabá, incluindo o pagamento de motoristas e a manutenção de veículos utilizados no crime. A irmã do advogado também integrava a organização e executava suas ordens na distribuição das drogas e movimentação de recursos. Ao todo, cinco familiares — incluindo esposa, mãe, irmão, tia e cunhada — estavam envolvidos nas operações criminosas.

A investigação começou após a prisão de um motorista de 31 anos, em abril de 2024, que transportava 153,8 kg de cocaína em uma van que simulava transporte de passageiros. Ele recebia R$ 30 mil por viagem, e sua companheira também foi alvo da operação por movimentar valores ilícitos em sua conta. Entre 2023 e 2024, o motorista movimentou mais de R$ 1 milhão.
O elo entre o motorista e a família do líder era um homem de 34 anos, que recebeu mais de R$ 3,7 milhões entre 2022 e 2024, com indícios de atuação em facção criminosa. Outro investigado, morador de Cáceres, movimentou R$ 6 milhões em 2024, apesar de trabalhar perfurando poços e viver em condições humildes.
As apurações também identificaram empresas de fachada usadas para lavar dinheiro do tráfico. Entre elas, uma empresa de energia solar em Cuiabá, que movimentou R$ 23 milhões em 2024, e uma farmácia que existia apenas no papel, com movimentação de mais de R$ 13 milhões em 2024, discrepante dos valores declarados. Empresas de alimentos e bebidas em funcionamento também eram utilizadas para encobrir recursos ilícitos.
Segundo a delegada Bruna Laet, responsável pelas investigações, o esquema envolvia transporte e distribuição de drogas, controle financeiro rigoroso pelo líder e uso de familiares e empresas para ocultar a origem dos recursos.