
O recém-eleito papa Leão XIV, nascido Robert Francis Prevost, chamou atenção nos últimos dias não apenas por sua visita discreta a Minas Gerais, mas também por suas posições firmes em temas sensíveis da agenda global. Em um momento em que a Igreja Católica enfrenta crescentes pressões sociais, Prevost parece disposto a marcar seu papado com posicionamentos claros sobre justiça e acolhimento.
Durante sua passagem por Minas, que não fez parte de nenhuma agenda pastoral oficial do Vaticano, o novo pontífice foi acolhido por religiosos locais. Uma imagem que circulou nas redes sociais mostra Prevost descontraído, segurando uma taça de cerveja e sorridente, trajando calça preta e camisa social azul. A cena, longe da rigidez protocolar muitas vezes associada ao cargo papal, reforça a imagem de um líder acessível e próximo das pessoas.

No entanto, é fora das câmeras que Leão XIV tem demonstrado o peso de seu pensamento social. Antes mesmo de sua eleição, Prevost já utilizava as redes sociais para expressar sua preocupação com os mais vulneráveis. Em uma publicação no X (antigo Twitter), ele criticou duramente a política migratória do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O post compartilhado por Prevost abordava o caso de Kilmar Abrego Garcia, um salvadorenho que viveu 14 anos nos EUA, criou uma família e cuidava de três filhos com deficiência. Abrego foi deportado sob a alegação — nunca formalizada judicialmente — de envolvimento com a gangue MS-13. Apesar de a Suprema Corte americana ter determinado seu retorno, o processo travou por entraves diplomáticos entre Washington e o governo de Nayib Bukele, em El Salvador.
“Enquanto Trump e Bukele usam o Salão Oval para a deportação ilícita de um residente dos EUA pelos federais, o agora auxiliar de Washington, +Evelio, que já foi um salvadorenho sem documentos, pergunta: ‘Vocês não veem o sofrimento? A consciência de vocês não se incomoda? Como podem ficar em silêncio?'”, dizia o tuíte.
Prevost, que assume o papado em um momento de tensões geopolíticas e polarização ideológica, sinaliza que não pretende se calar diante de injustiças sociais — especialmente quando envolvem os marginalizados e migrantes, tema que também é sensível para muitos fiéis ao redor do mundo.
Enquanto sua visita informal ao Brasil sugere interesse por uma Igreja mais próxima das bases, suas declarações indicam que o novo papa está disposto a incomodar estruturas consolidadas em nome da compaixão, da justiça e da dignidade humana.