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A tentativa de aliança entre o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, e o Comboio do Cão (CDC), do Distrito Federal, acendeu o alerta nas forças de segurança. Buscando impedir o fortalecimento de uma rede criminosa no DF, a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco-DF) deflagrou nesta terça-feira (6/5) a Operação Akainku, que resultou no cumprimento de 30 mandados de prisão preventiva.
A ação teve como alvo lideranças e operadores que articulavam a união entre as duas facções, com foco em ampliar o domínio territorial, aumentar o poder bélico e movimentar a economia do crime na região do Distrito Federal e entorno. Os mandados foram cumpridos em diferentes regiões administrativas e no sistema prisional da Papuda. Uma advogada também foi alvo de medida cautelar.
A polícia informou que um dos presos estava de posse de um bloqueador de sinal GPS, recurso comumente usado para evitar rastreamento de veículos. Uma das investigadas segue foragida.
Segundo o especialista em segurança pública Leonardo Sant’Anna, o avanço dessa união entre facções pode desencadear um efeito dominó, com o aumento de crimes violentos, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. “Esse tipo de aliança potencializa a chamada ‘economia do crime’, como já foi observado em países como México, Guatemala, El Salvador, Espanha e Itália”, alertou.
Sant’Anna ressalta que com o fortalecimento financeiro, as facções passam a ter maior acesso a armamentos, logística e até à deep web, onde crimes mais complexos, como o tráfico humano e o comércio internacional de drogas e armas, são organizados.
O CV, maior facção do Rio, surgiu em 1979, no presídio da Ilha Grande. O CDC, por sua vez, tem origem no Recanto das Emas, no DF, e é conhecido pela atuação extremamente violenta. O grupo já tentou alianças com o Primeiro Comando da Capital (PCC), sem sucesso.
A Operação Akainku, cujo nome faz referência a uma lenda chinesa e significa “filho do cão vermelho”, é um desdobramento da Operação Fragmento II. As investigações apontam que os núcleos atuavam tanto dentro quanto fora das prisões, com especial atenção às lideranças que coordenavam a articulação entre facções.
Além da Ficco, a operação contou com apoio da Polícia Civil do DF, Polícia Penal, Ministério Público do DF e demais forças de segurança que integram o combate ao crime organizado no território.