
Advogado assassinado Renato Nery.
O Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) revelou que os quatro policiais militares da Rotam acusados de envolvimento na execução do advogado Renato Nery, em Cuiabá, fazem parte de um grupo de extermínio chamado “Gol Branco”. A denúncia indica que o grupo operava a partir de trocas de mensagens por WhatsApp e promovia confrontos simulados para justificar mortes em operações policiais.
Os policiais Jorge Rodrigo Martins, Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira e Leandro Cardoso foram denunciados por homicídio qualificado e tentativa de homicídio. Eles teriam simulado uma troca de tiros no Contorno Leste, onde um homem de 26 anos foi morto e dois adolescentes de 16 anos ficaram feridos, numa tentativa de ocultar a origem da arma usada na execução do advogado.
Análises forenses de celulares apreendidos revelaram um grupo de WhatsApp criado em 12 de julho de 2024, originalmente nomeado “Ocorrências ROTAM” e posteriormente renomeado como “Gol Branco”. Os integrantes eram exatamente os quatro policiais denunciados.
O conteúdo das mensagens e áudios obtidos pelo MP revelam a naturalização da violência letal e indícios de que o grupo planejava execuções sob o pretexto de confrontos. Em um dos áudios citados na denúncia, um dos envolvidos afirma:
“Todo confronto tem alguém morto. […] Pedi desculpa pela cagada de pau, mas acho que não foi cagada de pau não.”
Outro trecho ainda mais grave faz referência a um dos integrantes identificado como “15”, apontando um padrão de violência:
“O 15 está demais esse ano. Ele só pensa em matar, matar, matar.”
Além da execução de Renato Nery, o grupo é acusado de tentar combinar versões dos depoimentos para dificultar as investigações.
Apesar da gravidade das acusações, os quatro policiais foram soltos no mês passado por decisão judicial. O Ministério Público recorreu, e o novo pedido está em análise pela Justiça.