
Uma operação policial na província de Phichit, no norte da Tailândia, revelou um novo capítulo da crise que abala o clero budista no país. Durante uma batida surpresa no templo Wat Prathom, seis dos dezoito monges testaram positivo para metanfetamina e foram expulsos da ordem religiosa. A inspeção, liderada pelo vice-governador Kitipon Wetchakul, descobriu comprimidos da droga escondidos nos aposentos dos religiosos, além de uma arma caseira, munições e diversos acessórios para uso de entorpecentes.
O flagrante ocorreu enquanto os monges participavam do tradicional “Retiro das Chuvas”, período sagrado do calendário budista. Segundo Wetchakul, a ação foi simultaneamente executada em templos de 12 distritos da província. Os religiosos envolvidos foram encaminhados para centros de reabilitação.
Paralelamente, outro escândalo expõe a decadência moral em setores da ordem budista. Uma mulher identificada como Wirawan Emsawat, de 35 anos, conhecida como “Sika Golf”, é acusada de seduzir monges de alto escalão para acessar fundos dos templos. Ela teria desviado o equivalente a R$ 66 milhões, usados para sustentar seu vício em jogos de azar.
Wirawan foi presa em 15 de julho, em uma residência de luxo em Bangcoc. Segundo a investigação, ela mantinha relações com diversos religiosos e políticos, alguns dos quais aparecem em mais de 80 mil arquivos pornográficos encontrados em cinco celulares. Os vídeos registram atos sexuais entre a mulher e figuras de destaque no cenário religioso e político.
A revelação veio à tona durante buscas pelo monge Arch, desaparecido do templo Wat Tri Thotsathep. As apurações levaram à descoberta de seu envolvimento amoroso com Wirawan.
O escândalo motivou o Conselho Supremo Sangha, principal órgão da hierarquia budista tailandesa, a rever os regulamentos monásticos. O Escritório Nacional do Budismo propôs novas punições, que incluem penas de até sete anos de prisão e multas de até 140 mil baht (R$ 24 mil) para monges e civis que violarem gravemente os princípios religiosos.
Na Tailândia, os monges fazem voto de celibato e são vistos como representantes da pureza espiritual. Mas casos recorrentes de corrupção, abuso sexual e envolvimento com drogas vêm fragilizando a confiança pública na instituição.