
A pesquisa reforça a necessidade de uma abordagem mais individualizada na prevenção e tratamento da hipertensão.
Por décadas, o sal foi visto como o principal vilão da hipertensão arterial. No entanto, estudos mais recentes vêm mostrando que a relação entre consumo de sódio e pressão alta é mais complexa do que se imaginava — e que os rins têm um papel central nesse processo.
Pesquisadores da Tulane University School of Medicine, nos Estados Unidos, publicaram um estudo na revista Journal of the American College of Cardiology (JACC) indicando que a função renal é um fator muito mais determinante na regulação da pressão arterial do que a ingestão isolada de sal.
Segundo os cientistas, pessoas com rins saudáveis tendem a excretar o excesso de sódio com mais facilidade, mantendo a pressão arterial estável mesmo com uma dieta mais rica em sal. Já indivíduos com alguma disfunção renal apresentam dificuldade em eliminar o sódio, o que favorece o acúmulo de líquidos e, consequentemente, o aumento da pressão.
“O sal em si não é o grande vilão, mas sim a forma como o organismo — especialmente os rins — lida com ele”, explica o nefrologista Paul Whelton, um dos autores do estudo. “Para muitas pessoas, especialmente as com função renal preservada, o impacto do sódio na pressão é mínimo.”
A pesquisa reforça a necessidade de uma abordagem mais individualizada na prevenção e tratamento da hipertensão. Embora a moderação no consumo de sal continue sendo uma recomendação válida, os especialistas alertam que a atenção deve estar também em fatores como função renal, genética, níveis de potássio e estilo de vida.
A hipertensão é uma condição silenciosa que afeta mais de 30% da população brasileira e está associada a riscos elevados de infarto, AVC e doenças renais crônicas. Por isso, é essencial manter acompanhamento médico regular e realizar exames de rotina que avaliem, entre outros pontos, a saúde dos rins.