
A primeira-dama Rosângela “Janja” da Silva pode ser convocada a depor na Justiça em uma ação popular que questiona as viagens internacionais realizadas por ela com recursos públicos. O processo tramita na 9ª Vara Cível da Justiça Federal no Distrito Federal e pede a devolução dos valores gastos, além da anulação de atos administrativos que autorizaram os pagamentos.
A ação foi movida pelo vereador de Curitiba (PR) Guilherme Kilter (Novo) e pelo advogado Jeffrey Chiquini da Costa. Eles argumentam que Janja não ocupa cargo público e, portanto, não deveria ter acesso à estrutura estatal para custear deslocamentos, passagens e equipe de apoio.
Custos e irregularidades apontadas
De acordo com registros oficiais, a primeira-dama teria gasto cerca de R$ 237 mil em passagens aéreas comerciais desde o início do governo Lula, sem incluir voos da Força Aérea Brasileira (FAB) nem despesas da equipe. As viagens, em sua maioria, ocorreram em classe executiva, benefício reservado a ministros e servidores de alto escalão.
Outro ponto questionado é o planejamento: de 144 passagens adquiridas para Janja e seus assessores, 140 foram compradas com menos de 15 dias de antecedência. No caso da primeira-dama, nenhuma ultrapassou nove dias, o que, segundo a acusação, aumentou significativamente os custos. Além disso, sua comitiva chega a ultrapassar dez pessoas, incluindo fotógrafos, assessores, cerimonial e até um militar que atua como ajudante de ordens.
Defesa e próximos passos
A Advocacia-Geral da União (AGU) assumiu a defesa da primeira-dama e classificou a ação como “vaga” e “descabida”, afirmando que não há provas de irregularidade. Já os autores do processo pedem que Janja contrate advogado particular e que a AGU seja retirada do caso, por entenderem que ela não exerce função pública.
As viagens citadas na ação ocorreram entre fevereiro de 2024 e maio de 2025, incluindo deslocamentos para Nova York, Roma, Paris, Moscou e São Petersburgo.
Caso a Justiça aceite os argumentos dos autores, Janja poderá ser obrigada a depor pessoalmente e a ressarcir os cofres públicos.