
A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta sexta-feira (10), a operação “Exame Final”, que investiga duas professoras de uma escola estadual de Araranguá (SC) suspeitas de levarem quatro alunos adolescentes a um motel da cidade para manter relações íntimas e gravar conteúdos adultos. O caso é apurado pela Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) e pode configurar crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
As denúncias surgiram após estudantes procurarem o setor psicossocial da escola para relatar o envolvimento de uma das professoras com alunos fora do ambiente escolar. Segundo os depoimentos iniciais, os encontros teriam ocorrido em um motel, com consumo de bebidas alcoólicas e registros em vídeo. A direção da escola comunicou o caso à Coordenadoria Regional de Educação, que instaurou um processo administrativo e acionou a polícia.
Com base nas informações, a delegada Eliane Chaves solicitou à Justiça seis mandados de busca e apreensão, cumpridos simultaneamente em diferentes endereços da cidade. A ação contou com cerca de 20 agentes e peritos da Polícia Científica, que recolheram celulares, computadores e outros dispositivos eletrônicos para análise pericial.
De acordo com a delegada, o foco das investigações é verificar se houve produção, armazenamento ou compartilhamento de material pornográfico envolvendo adolescentes, o que é crime mesmo com consentimento. “O ponto central não é o ato em si, mas o registro e o possível compartilhamento dessas imagens. Isso é crime grave, punido com até oito anos de prisão”, afirmou Chaves.
Ela destacou ainda que, embora o relacionamento consensual entre adultos e adolescentes acima de 14 anos não configure estupro de vulnerável, a gravação de imagens íntimas é ilegal. A delegada também criticou a banalização do caso por parte de alguns setores da sociedade, ressaltando que o ECA não diferencia meninos de meninas quanto à proteção contra crimes sexuais.
Durante as buscas, os policiais apreenderam materiais considerados relevantes para o caso. A fase de oitivas com alunos, servidores e demais envolvidos deve começar na próxima semana. A professora citada nas denúncias foi afastada do cargo, e outra, suspeita de omitir informações, também é investigada.