
O Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou um vídeo nas redes sociais nesta sexta-feira (10) acusando o Congresso Nacional de “trair o povo brasileiro” após a rejeição da Medida Provisória 1.303/2025, que previa o aumento da arrecadação federal por meio de mudanças na tributação de investimentos e lucros bancários.
A proposta do governo previa a unificação em 18% da tributação de todas as aplicações financeiras a partir de janeiro de 2026, além do aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das instituições financeiras. O Ministério da Fazenda estimava que as medidas gerariam uma receita adicional de R$ 10,5 bilhões ainda em 2025 e cerca de R$ 21 bilhões no ano seguinte.
No entanto, o Congresso rejeitou a iniciativa após intensa mobilização da oposição. Por 251 votos a 193, os deputados aprovaram um requerimento para retirar a MP da pauta, o que representou uma derrota significativa para o Palácio do Planalto.
No vídeo publicado pelo partido, o PT afirma que a decisão do Congresso “impediu o governo de investir em saúde, educação e programas sociais”, e acusa os parlamentares de agir em defesa de uma minoria privilegiada. A narrativa apresentada usa o discurso de que a medida atingiria apenas os “super-ricos”, responsáveis por boa parte das aplicações financeiras no país.
Críticos do governo, porém, afirmam que o conteúdo do vídeo distorce a realidade da proposta. Segundo especialistas, a MP teria impacto direto também sobre pequenos investidores e fundos de previdência, além de poder reduzir a atratividade de investimentos no mercado financeiro.
Analistas políticos apontam que o embate reforça o clima de tensão entre o Executivo e o Legislativo. A ofensiva do PT contra o Congresso é vista como uma tentativa de transformar a derrota parlamentar em um discurso político de confronto, mirando a opinião pública.
Com o arquivamento da MP, o governo federal deve buscar novas alternativas para compensar a perda de arrecadação e equilibrar as contas públicas, mas o episódio evidenciou as dificuldades de articulação política do Planalto e o desgaste na relação com o Congresso.