
A Justiça de Mato Grosso decidiu levar Nataly Helen Martins Pereira, de 30 anos, a julgamento pelo Tribunal do Júri, acusada do feminicídio qualificado da adolescente Emelly Beatriz Azevedo Sena, de 16 anos, em um crime que chocou o país pela crueldade e frieza. A decisão é do juiz Francisco Ney Gaíva, da 14ª Vara Criminal de Cuiabá, que acolheu a denúncia do Ministério Público Estadual (MPMT) e manteve a prisão preventiva da ré.
Além de feminicídio, Nataly responderá por uma lista de crimes conexos, incluindo:
- Tentativa de aborto sem consentimento da gestante
- Ocultação de cadáver
- Subtração de criança para colocação em lar substituto
- Parto suposto
- Fraude processual
- Falsificação de documento particular
- Uso de documento falso
A jovem Emelly, que estava em fase avançada da gestação, foi atraída pela acusada até uma casa no bairro Jardim Florianópolis, em Cuiabá, com a falsa promessa de doações para o bebê. Segundo a investigação, Nataly imobilizou a vítima com um “mata-leão”, amarrou seus membros, colocou sacos plásticos na cabeça e realizou um corte abdominal para retirar a criança ainda com vida. Emelly morreu por choque hemorrágico, de acordo com laudo pericial.
Após enterrar o corpo nos fundos da residência, Nataly se dirigiu a um hospital, onde apresentou documentos falsos e alegou ter dado à luz em casa, tentando legitimar a posse do bebê. O plano foi descoberto, e a acusada foi presa preventivamente.
O promotor Rinaldo Segundo, responsável pela denúncia, elogiou a decisão judicial que reconheceu o feminicídio como um crime de negação de direitos reprodutivos, destacando que a motivação está diretamente ligada à objetificação da mulher e à misoginia. “O juiz adotou a interpretação mais ampla e protetiva às mulheres, reconhecendo que o direito à maternidade foi brutalmente negado à vítima Emelly”, afirmou.
A defesa de Nataly tentou argumentar pela inimputabilidade penal, alegando histórico de transtornos mentais, mas o pedido de incidente de insanidade mental foi negado, por falta de provas clínicas e indícios suficientes.
Agora, o processo segue para a 1ª Vara Criminal de Cuiabá, onde Nataly será julgada pelo júri popular. A data do julgamento ainda será definida.
