
Ela já foi Helena de Manoel Carlos, viúva rebelde em “Vale Tudo” e símbolo incontestável da televisão brasileira. Aos 78 anos, Regina Duarte fala com a segurança de quem já viveu de tudo um pouco — inclusive 74 dias à frente da Secretaria Especial da Cultura, no início do governo Jair Bolsonaro, em 2020.
Em entrevista intimista ao podcast de Cátia Fonseca, a atriz revisitou sua breve incursão na política, sem rodeios. “Era o Bolsonaro me chamando, um homem que eu admirava e continuo admirando”, disse, explicando que aceitou o convite por admiração e impulso. A experiência, ainda que curta, revelou a ela uma face desconhecida da vida pública. “Foi importante para minha vida ver como funciona o jogo político, o chamado ‘chão de plenário’.”
A atriz contou que tentou montar uma equipe para atuar ao seu lado, mas enfrentou resistência. “Nenhum amigo quis. Eram pessoas que eu achava que podiam contribuir comigo.” Mesmo assim, guarda algum orgulho do período: citou a liberação da atividade dos circos em plena pandemia como um gesto necessário. “Eles dependem do faturamento diário para se alimentar. Fiquei orgulhosa, consegui pelo menos uma coisa.”
Contra remakes e a favor da memória viva
Regina também foi categórica ao falar sobre um fenômeno cada vez mais comum na televisão: os remakes. Crítica voraz desse tipo de produção, ela considera um desrespeito com o elenco original. “É como uma traição aos atores que aceitaram fazer aquilo primeiro. Uma coisa que foi bem feita, com 100% de audiência, não precisa de remake.”
Em vez de refilmagens, ela celebra a preservação das obras originais: “Hoje em dia você entra num catálogo de streaming e assiste o que foi feito há 20, 30 anos. É um privilégio viver num mundo onde o que eu fiz está disponível ainda.”