A roda-gigante panorâmica inaugurada na última quarta-feira (5) na orla de Pajuçara, em Maceió (AL), se tornou o centro de uma polêmica inesperada. O motivo: o equipamento não possui a cabine de número 13 — número associado ao Partido dos Trabalhadores (PT) —, substituída por uma identificada como “12B”.
O empreendimento é uma iniciativa do prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL), em parceria com a empresa Interparques, vencedora da licitação para administrar o equipamento. O investimento foi de R$ 25 milhões, com direito de operação por 12 anos, renováveis por igual período, segundo informações do UOL.
A ausência do número 13 veio à tona após uma publicação em uma página popular de Maceió no Instagram e rapidamente ganhou repercussão política. A medida foi comemorada por bolsonaristas locais, como o vereador Leonardo Dias (PL), que destacou que Maceió foi a única capital do Nordeste em que Jair Bolsonaro venceu as eleições de 2018 e 2022 nos dois turnos.
Em contraponto, simpatizantes do PT ironizaram a situação e chegaram a sugerir boicote ao novo ponto turístico. “Tem nada não, 2026 tem mais”, escreveu um internauta. Outro comentou: “Na Papuda tem cela 13”, em referência à prisão de apoiadores de Bolsonaro por tentativa de golpe.
Inspirada em atrações como a London Eye, em Londres, e a roda-gigante do píer de Santa Mônica, nos Estados Unidos, a estrutura de Maceió tem 45 metros de altura — o equivalente a um prédio de 15 andares — e 20 cabines com capacidade para seis pessoas, equipadas com ar-condicionado, wi-fi e bluetooth.
A expectativa é que o equipamento receba mais de mil visitantes por dia e movimente cerca de R$ 2 milhões por mês. Os ingressos custam R$ 44 (individual) e R$ 249 (cabine completa), com desconto de R$ 35 para idosos, pessoas com deficiência, crianças, professores e policiais de Alagoas.
A Interparques, responsável pela operação de outras rodas-gigantes em Canela (RS), São Paulo e Balneário Camboriú (SC), foi procurada para explicar a ausência do número 13, mas não respondeu.
Prefeito bolsonarista e pré-candidato
JHC, idealizador da roda-gigante, é uma das figuras políticas mais populares e controversas de Alagoas. Em 2022, durante o segundo turno das eleições presidenciais, deixou o PSB — então aliado de Lula — para se filiar ao PL, partido de Bolsonaro, e declarou apoio ao ex-presidente.
Na semana passada, o prefeito publicou um vídeo nas redes sociais sinalizando sua pré-candidatura ao governo de Alagoas. Ele deve contar com o apoio do deputado federal Arthur Lira (PP), que pretende disputar uma vaga no Senado.
Caso a candidatura se confirme, o principal adversário de JHC deve ser o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), apoiado pelo PT.
