O secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, afirmou em entrevista coletiva nesta quarta-feira (29) que será investigada a possível fraude processual envolvendo a remoção de corpos na área de mata do Complexo da Penha. Mais de 70 corpos foram retirados nesta manhã por moradores e levados para uma praça do bairro.
Na terça-feira (28), durante uma megaoperação contra o Comando Vermelho, 58 corpos já haviam sido retirados pela polícia. Curi não explicou por que as forças de segurança não realizaram a remoção dos corpos retirados nesta quarta pelos moradores.
O secretário destacou ainda que os criminosos tiveram suas roupas camufladas retiradas, sendo encontrados apenas de cueca ou short nas vias públicas. “Vale lembrar, para desmistificar certas narrativas, que parece ter ocorrido uma espécie de ‘milagre’ com os corpos que estão aparecendo hoje. Esses indivíduos estavam na mata, equipados com roupas camufladas, coletes e armamentos. Agora, muitos deles surgem apenas de cueca ou short, sem qualquer equipamento — como se tivessem atravessado um portal e trocado de roupa. Temos imagens que mostram pessoas retirando esses criminosos da mata e os colocando em vias públicas, despindo-os”, afirmou Curi.
A 22ª Delegacia de Polícia instaurou um inquérito para investigar a possível fraude processual.
O secretário também atualizou os números da operação:
- Mortos: 58 na terça e 61 nesta quarta, totalizando 119, incluindo quatro policiais.
- Presos: 113, sendo 33 de outros estados, além de 10 menores infratores.
- Armamento apreendido: 91 fuzis, 26 pistolas e 1 revólver.
- Drogas: toneladas apreendidas, ainda contabilizadas.
“É importante destacar que, nos boletins de ocorrência, a polícia está classificando os mortos como ‘opositores’, ou seja, criminosos que cometeram tentativa de homicídio contra os nossos agentes. Nossos policiais estão sendo tratados como vítimas, e os mortos como autores dos crimes”, finalizou Curi.
