
O servidor público federal Pablo Silva Santiago, 39 anos, foi afastado do cargo nesta semana após vir à tona uma grave denúncia: ele é acusado de instalar câmeras escondidas em banheiros e gravar mulheres sem consentimento. Os registros, segundo a investigação da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), eram trocados por vídeos de necrofilia — prática de cunho sexual com cadáveres — em fóruns e grupos no Telegram.
O caso foi revelado na quarta-feira (13/5) e chocou pela gravidade e extensão. Conforme apurado pelas autoridades, Pablo mantinha um vasto acervo de imagens íntimas de mulheres, com mais de mil arquivos armazenados em HDs externos, celulares e computadores. Em alguns dos vídeos, a vítima era sua própria ex-namorada, filmada sem saber enquanto tomava banho ou usava o banheiro.
Em nota, o Ministério da Cultura, órgão ao qual o servidor está vinculado, informou que solicitou à corregedoria a imediata apuração das denúncias. “Manifestamos solidariedade às vítimas e reafirmamos nosso compromisso com a proteção das mulheres e a integridade dos espaços culturais”, declarou a pasta. O ministério também determinou o afastamento preventivo do servidor por 60 dias, com manutenção de remuneração, enquanto a investigação administrativa prossegue.
Modus operandi
De acordo com os depoimentos coletados, Santiago agia de forma meticulosa: instalava câmeras ocultas em banheiros de casas por onde passava, como a residência da tia, de amigos e até da mãe de um colega. As gravações vinham sendo feitas desde, pelo menos, 2017.
As imagens estavam organizadas em pastas nomeadas por datas e, em alguns casos, pelos nomes das vítimas. Segundo a polícia, além das imagens de nudez, havia registros de caráter sexual captados sem permissão. O servidor ainda participava ativamente de sites pornográficos e grupos online onde fazia a troca dos vídeos por conteúdos ainda mais extremos, como os de necrofilia.
A denúncia inicial partiu da então namorada de Pablo, que descobriu os vídeos ao acessar o computador dele. Ela encontrou não apenas imagens de outras mulheres, mas também gravações íntimas dela mesma feitas sem consentimento. O servidor teria admitido à parceira que era “viciado em pornografia”.
Perfil e atuação
Além do cargo como servidor federal, Pablo Silva Santiago atuava como professor de dança em uma escola de salsa, onde também teria feito vítimas. Ele se apresentava com o codinome “Pablo Peligro” e se autointitulava músico, DJ, professor de matemática, engenheiro e “agitador cultural”.
A Deam segue apurando o caso e deve encaminhar nos próximos dias o inquérito ao Ministério Público. A investigação inclui possíveis crimes como violação de intimidade, produção e compartilhamento de pornografia não consentida, e associação criminosa. Novas vítimas estão sendo identificadas.
Repercussão
A denúncia gerou forte repercussão nas redes sociais e entre movimentos feministas e de proteção aos direitos das mulheres. Organizações exigem apuração rigorosa dos fatos, além de apoio psicológico às vítimas.
O caso também levanta um alerta para a segurança nos espaços públicos e privados e reforça a necessidade de fiscalização de condutas em ambientes institucionais.