
Em um esforço para chamar a atenção da sociedade sobre os riscos no trânsito e estimular políticas públicas voltadas à segurança viária, o CLP (Centro de Liderança Pública) antecipou à imprensa um levantamento inédito sobre a mortalidade nos transportes, com base nos dados mais recentes do DATASUS (2023). O estudo, que compõe o Ranking de Competitividade dos Estados e dos Municípios, será oficialmente divulgado em agosto, mas já lança luz sobre o desempenho de cada unidade federativa e de 5.221 municípios brasileiros.
O indicador utilizado mede o número de óbitos provocados por acidentes de transporte a cada 100 mil habitantes por ano. A taxa nacional é de 17,17 mortes por 100 mil habitantes.
Destaques positivos e negativos entre os estados
Entre os destaques positivos, São Paulo lidera com a menor taxa de mortalidade: 10,95 mortes por 100 mil habitantes, mesmo concentrando 21,87% da população brasileira. O estado registra apenas 13,94% do total de mortes no trânsito do país, o que reforça sua boa performance na área. O Distrito Federal aparece em terceiro lugar (11,18), e o Rio de Janeiro, em sétimo (12,24).
Na outra ponta, Tocantins lidera negativamente com a maior taxa do país: 37,84 mortes por 100 mil habitantes. O estado, que representa apenas 0,74% da população nacional, concentra 1,64% dos óbitos no trânsito — mais do que o dobro proporcional. Mato Grosso, com taxa de 34,93, também preocupa: apesar de ter 1,80% da população brasileira, o estado responde por 3,66% das mortes, contribuindo desproporcionalmente para o total nacional.
Regiões: Sudeste se destaca; Centro-Oeste lidera em letalidade
A região Sudeste, que abriga quase 42% da população brasileira, tem a menor taxa regional de mortalidade: 12,99 por 100 mil. Já o Centro-Oeste apresenta a pior taxa regional: 24,68 mortes por 100 mil habitantes, muito acima da média nacional.
Capitais e municípios extremos
Entre as capitais, São Paulo se destaca positivamente com apenas 2,58 mortes por 100 mil, seguida por Belém (6,52). As piores colocadas são Recife (34,79) e Palmas (38,98), capital do estado com pior desempenho nacional.
Nos municípios, os casos mais extremos são alarmantes: Pimenteiras do Oeste (RO) registra uma taxa de 324 mortes por 100 mil, seguida por Conquista D’Oeste (MT) com 265, e São José do Herval (RS), com 262. Os números reforçam a urgência de ações específicas em cidades menores e rurais.
O que pode ser feito: propostas do CLP
O estudo do CLP não se limita à denúncia do problema: propõe cinco frentes de ação para reduzir a mortalidade no trânsito:
- Fortalecer a legislação de segurança viária – com foco em limites de velocidade, álcool ao volante e uso de cadeirinhas;
- Investir em infraestrutura segura – como rotatórias, faixas de pedestre e barreiras físicas;
- Campanhas de conscientização pública – para formar uma cultura de segurança no trânsito;
- Reforçar a fiscalização – com radares, câmeras e operações regulares;
- Políticas complementares – como renovação de frota, inspeções veiculares e atendimento eficiente às vítimas.
Maio Amarelo e o papel do estudo
O levantamento integra as ações do CLP dentro do Movimento Maio Amarelo, que promove a conscientização global sobre os altos índices de acidentes de trânsito. A iniciativa também busca estimular a participação conjunta da sociedade, setor público e privado na criação de ambientes urbanos mais seguros.
Com a antecipação desses dados, o CLP espera que o debate sobre mobilidade urbana, transporte e segurança viária ganhe espaço na agenda pública antes mesmo da divulgação oficial dos rankings, prevista para agosto de 2025.


no estado de Mato Grosso (MT), destacando a disparidade entre sua participação na população brasileira (1,80%) e sua contribuição para o total de mortes.