
No Dia Internacional da Mulher, o Supremo Tribunal Federal (STF) lançou uma campanha em parceria com o grupo de humor Porta dos Fundos para ampliar o debate sobre os direitos das mulheres e o combate à violência de gênero. A ação, que inclui dois vídeos, gerou grande repercussão e críticas, com algumas pessoas pedindo até para “desver” os conteúdos.
A iniciativa tem como objetivo tornar informações jurídicas mais acessíveis e didáticas, com a produção dos vídeos sem pagamento de cachê, conforme o STF informou. O primeiro vídeo foi publicado neste sábado (8), e o segundo será lançado no dia 10 de março.
Humor para conscientizar, mas nem todos aprovaram
Com roteiro de Kika Hamaoui e Gustavo Vilela, e participação do humorista Gregório Duvivier, o primeiro vídeo aborda a derrubada da tese da “legítima defesa da honra”, que foi declarada inconstitucional pelo STF em 2021. Já o segundo vídeo, escrito por Barbara Duvivier e Gabriela Niskier, desmistifica a ideia de que o passado da vítima pode ser usado para justificar crimes de assédio ou violência sexual.
Apesar da intenção de conscientizar, a campanha foi fortemente criticada nas redes sociais. Muitos internautas acharam o conteúdo inadequado para um tema tão sério e sugeriram que os vídeos deveriam ser retirados da plataforma. Em meio a isso, houve até pedidos para que as pessoas dessem “desfazer” a visualização das produções.
“O humor é uma excelente ferramenta para provocar reflexões”, declarou Joema Martins, Diretora de Estratégias do Porta dos Fundos, defendendo a proposta.
Barroso defende campanha para ampliar o alcance da Justiça
Para o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, a parceria com o Porta dos Fundos é uma maneira de disseminar informações essenciais sobre os direitos das mulheres.
“As decisões citadas nos vídeos já estão mudando a vida de muitas mulheres. O STF considerou inaceitável o argumento da legítima defesa da honra e também declarou que o passado da vítima não pode ser usado contra ela em processos de assédio”, destacou Barroso.
Por outro lado, a ouvidora da Mulher do STF, Cristina Telles, reforçou que a campanha visa comunicar o repúdio da Constituição a qualquer forma de violência contra meninas e mulheres.
“Estamos falando de direitos fundamentais à não-violência, que precisaram ser reconhecidos no Tribunal porque ainda havia resistência social a eles”, declarou Telles.