
VICTOR MONTEIRO /W9 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), declarou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (30) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava “triste e resignado” após perder as eleições de 2022. Tarcísio foi ouvido como testemunha de defesa na ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado naquele ano.
“Jamais. Nunca. Assim como nunca tinha acontecido durante meu período no ministério, da mesma forma nesse período que eu tive presente com o presidente na reta final, nas visitas que fiz, nas conversas que eu tive, jamais tocou nesse assunto, jamais mencionou qualquer tentativa de ruptura. O presidente estava triste, resignado”, afirmou Tarcísio. Ele também relatou que, em uma das visitas, Bolsonaro estava debilitado por erisipela.
O governador paulista já havia defendido o ex-presidente em outras ocasiões, classificando como “narrativa” sem provas as acusações da Polícia Federal sobre uma suposta conspiração golpista. Em fevereiro deste ano, disse considerar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) um caso de “forçação de barra” e “revanchismo”.
Outro a prestar depoimento nesta manhã foi o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil e responsável pela transição de governo em 2022. Ele relatou que Bolsonaro ficou “um período deprimido” após o resultado das urnas e se recolheu no Palácio da Alvorada, alegando problemas de saúde. Segundo Ciro, não houve qualquer plano ou instrução para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Nunca aconteceu isso, todas as orientações foram para que fizesse a transição da melhor forma possível”, disse.
As oitivas fazem parte da fase final de depoimentos no processo conduzido pela Primeira Turma do STF. Entre as testemunhas de acusação, os ex-comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos de Almeida Baptista Júnior, admitiram ter tido acesso a uma minuta com medidas para barrar a posse de Lula, mas afirmaram ter recusado qualquer envolvimento.
Já a maioria das testemunhas de defesa, como o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS), negaram ter conhecimento de qualquer plano golpista. Mourão disse que todas as reuniões pós-eleições trataram exclusivamente da transição e que Bolsonaro, embora abatido, estava pronto para entregar o cargo.
As audiências devem prosseguir até a próxima segunda-feira (2).