
As ações da Taurus caíram 7,87% nesta segunda-feira (28), fechando o pregão a R$ 4,80, após declarações do CEO da empresa, Salesio Nuhs, sobre a possibilidade de transferir toda a operação da fabricante de armas para os Estados Unidos. A ameaça foi feita em resposta à tarifa de 50% imposta pelo presidente norte-americano Donald Trump, que deve entrar em vigor nesta sexta-feira (1º).
Em entrevista ao programa Tá na Hora, do site Berlinda, Nuhs afirmou que a taxação tornaria inviável a continuidade da produção da fábrica brasileira, localizada em São Leopoldo (RS), onde trabalham cerca de 3 mil funcionários. Segundo o executivo, o impacto indireto pode atingir até 15 mil trabalhadores.
“Essa taxação não significa simplesmente diminuir margem. Significa inviabilidade total. Não existe margem que possa cobrir uma taxação de 50%”, disse.
A Taurus também possui uma unidade industrial nos Estados Unidos, o que facilitaria a migração total da produção caso a sobretaxa seja mantida. Para Nuhs, a postura do governo brasileiro nas negociações com os EUA agrava ainda mais o cenário.
“O esforço diplomático do governo federal é uma tragédia. Isso mostra a nossa falta de competência para discutir um assunto dessa magnitude. Essa falta de habilidade está trazendo uma insegurança jurídica muito grande para os empresários do Brasil e uma insegurança para o trabalhador”, afirmou.
O CEO afirmou ainda estar em contato com autoridades estaduais e representantes do governo norte-americano no Brasil. Segundo ele, a empresa avalia “medidas concretas de sobrevivência empresarial” caso nenhuma solução seja encontrada nos próximos dias.
Até agora, o único contato entre representantes do governo brasileiro e o alto escalão dos EUA foi uma conversa de 50 minutos entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, no último dia 19. Alckmin classificou o diálogo como “longo e proveitoso”, mas não revelou detalhes sobre a posição americana.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que há dificuldades para dialogar diretamente com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. Segundo ele, o contato ocorre apenas em nível técnico e a decisão final está centralizada na Casa Branca.