Uma análise internacional identificou a presença de bisfenol A (BPA), substância associada a infertilidade, obesidade e câncer, em chupetas vendidas no Brasil e fabricadas por grandes marcas europeias. O composto foi detectado inclusive em produtos que se apresentavam como “livres de BPA”, o que é proibido pela Anvisa desde 2012 em artigos destinados a bebês.
O teste foi conduzido pela Associação Tcheca de Consumidores (dTest), que avaliou 21 modelos de chupetas comercializados em países da Europa e na plataforma Temu. A investigação simulou o contato do material com a saliva de um bebê e revelou que três das quatro marcas testadas liberaram a substância, entre elas Curaprox (Suíça), Sophie la Girafe (França) e Philips Avent (Holanda).
A chupeta Curaprox Baby Grow apresentou a maior concentração, com 19 microgramas por quilo — quase o dobro do limite de migração permitido pela União Europeia. Após a divulgação dos resultados, a empresa informou ter recolhido os lotes afetados e oferecido reembolso aos consumidores. As demais marcas, por sua vez, contestaram os achados e afirmaram que análises independentes não identificaram a presença do composto.
O bisfenol A é amplamente utilizado na fabricação de plásticos e resinas. Classificado como um disruptor endócrino, ele interfere no sistema hormonal e pode causar desequilíbrios metabólicos e reprodutivos. Pesquisas relacionam a exposição prolongada à substância a problemas de fertilidade, ganho de peso e maior risco de câncer de próstata.
