
A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de impor prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está tendo repercussão mundial e acentuando uma crise diplomática sem precedentes entre Brasil e Estados Unidos. Além do confinamento, Bolsonaro está proibido de receber qualquer visita, exceto de advogados com procuração nos autos ou pessoas autorizadas previamente pelo STF.
O jornal norte-americano The New York Times alertou para o risco de a medida “agravar a maior crise diplomática em décadas entre os dois países”, fazendo referência direta à retaliação anunciada por Donald Trump — tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, condicionadas ao arquivamento do processo contra seu aliado político.
Já o britânico The Guardian destacou que a ordem de prisão faz parte de uma investigação que acusa Bolsonaro de liderar uma tentativa de anular o resultado das eleições de 2022. O veículo também observou que a prisão foi “imediatamente condenada pelos EUA” e vinculada à aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, instrumento legal americano usado para sancionar estrangeiros acusados de violar direitos humanos.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos, por meio do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, declarou:
“Os Estados Unidos condenam a ordem de Moraes que impõe prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que auxiliarem e forem cúmplices da conduta sancionada.”
A rede Al Jazeera, do Catar, apontou que o julgamento de Bolsonaro tem provocado uma escalada na crise diplomática com os EUA, potencialmente ameaçando relações comerciais entre os países. O espanhol El País observou que a medida pode comprometer as negociações para reduzir tarifas impostas por Trump, ainda que o presidente norte-americano tenha sinalizado disposição para diálogo após longo silêncio.
Na América Latina, a cobertura também foi intensa. O argentino Clarín lembrou que a prisão foi decretada logo após manifestações em apoio a Bolsonaro, ocorridas em várias cidades brasileiras no domingo (3), nas quais se viram bandeiras dos EUA e cartazes com mensagens como “SOS Trump”.
O El Universal, do México, seguiu a mesma linha e destacou o impacto simbólico e político das manifestações em relação à medida de restrição imposta pelo STF.
Enquanto o Brasil vive um impasse jurídico de grandes proporções, os reflexos já são sentidos no comércio exterior, no ambiente diplomático e nas ruas — com repercussões que ultrapassam as fronteiras do país.