A mais nova trend que tomou conta do Instagram e do TikTok tem provocado risos, surpresa e um certo desconforto. Nos vídeos, alguém responde perguntas triviais — como itens de bolsa, presentes desejados ou objetos da casa — e, após a edição, a lista é transformada em um catálogo absurdo de coisas que teriam sido introduzidas no ânus. A graça está justamente no contraste entre o trivial e o inesperado revelado no corte final.
O formato cresceu rápido e já envolve influenciadores de grande alcance. Bianca Andrade, a Boca Rosa, foi uma das figuras que viralizaram após ter seu amigo Miguel aplicando a dinâmica sobre ela. O vídeo se espalhou e exemplifica bem a lógica da trend: simples, inesperada e pensada para arrancar gargalhadas de quem assiste.
Mas, fora do humor, o tema tem paralelo direto com situações reais nos pronto-atendimentos. Um coloproctologista ouvido pela reportagem explica que acidentes envolvendo objetos introduzidos no ânus são “muito mais comuns do que as pessoas imaginam”. Motivações variam entre prazer anal, curiosidade, improviso e falta de informação, aliadas ao tabu que ainda impede muitos de buscarem orientação profissional ou comprarem brinquedos próprios.
O especialista alerta que, sem acessibilidade a sex toys adequados, parte das pessoas recorre a itens domésticos, embalagens e cabos — muitas vezes influenciadas por conteúdos que dão a entender que “qualquer coisa serve”. O problema, segundo ele, é que isso ignora riscos graves: objetos que ficam presos no reto, cortes internos, sangramentos, perfuração intestinal e, em casos mais sérios, até necessidade de cirurgia. O uso associado a álcool e drogas, acrescenta, reduz a percepção de risco e aumenta a chance de acidentes.
“O que viraliza como piada costuma terminar em dor intensa, urgência médica e muita vergonha”, resume o coloproctologista.
Como usar sex toys com segurança
O especialista afirma que o prazer anal seguro não inclui improvisos. Brinquedos adequados devem ter base alargada ou alça, que impede que o objeto seja sugado pelo reto. Também precisam ser feitos de materiais próprios para uso interno, como silicone de boa qualidade, aço inoxidável ou vidro temperado, além de serem lisos e fáceis de higienizar.
A orientação é lavar o brinquedo antes e depois do uso, aplicar lubrificante à base de água, começar com tamanhos pequenos e evoluir gradualmente, interrompendo se houver dor aguda. Caso sejam compartilhados, recomenda-se o uso de preservativo, que deve ser trocado entre parceiros.
Se houver dor intensa, sangramento ou sensação de que o objeto ficou preso, a recomendação é buscar atendimento médico imediato e evitar tentar removê-lo à força.
