
A Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério da Justiça e Segurança Pública realizaram, na manhã deste domingo de Páscoa (20), uma operação para impedir o assassinato de um morador de rua. Segundo as autoridades, o crime seria cometido por integrantes de uma organização criminosa que planejavam transmitir o ato ao vivo pela internet.
A operação, batizada de Desfaçatez, resultou na prisão de três jovens, detidos nos bairros de Vicente de Carvalho, na zona norte, e Bangu, na zona oeste da capital fluminense. Os mandados de prisão foram cumpridos por agentes da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav) e da 19ª DP, com o apoio do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), do Ministério da Justiça.
De acordo com as investigações, os três presos integravam o núcleo de uma comunidade criminosa virtual que utilizava a plataforma Discord para planejar e divulgar atos de violência extrema. Entre os crimes apurados estão maus-tratos a animais, incitação à automutilação, estupro virtual, racismo e incentivo a homicídios, usados como forma de “entretenimento”.
Segundo nota da Polícia Civil, os investigados também organizavam ataques de ódio direcionados a negros, mulheres e adolescentes, com graves repercussões fora do ambiente digital. O Ministério da Justiça confirmou que o Ciberlab identificou mensagens nas redes sociais detalhando o plano de homicídio e a intenção de exibir a execução online.
Um dos presos se apresentava publicamente como ativista ambiental e defensor dos direitos dos animais, frequentando inclusive eventos ambientalistas internacionais. “Essa conduta contrastava brutalmente com as práticas de violência e perversidade que promovia nas redes”, afirmou o Ministério da Justiça.
O nome da operação, Desfaçatez, foi escolhido para evidenciar a dissimulação dos investigados, que mantinham uma imagem pública de ética e respeito à vida enquanto, nos bastidores digitais, articulavam crimes de ódio e crueldade.
As identidades do morador de rua que seria vítima do ataque e dos três detidos não foram divulgadas. As investigações seguem em andamento.