
A presidente nacional do PSOL, Paula Coradi, teve o visto para os Estados Unidos anulado pelo governo de Donald Trump. A medida foi comunicada nesta semana, em correspondência eletrônica enviada pelo consulado norte-americano em São Paulo.
De acordo com a mensagem recebida na segunda-feira (22), o consulado informou ter “obtido informações” que a tornariam inelegível para ingressar no território americano, mas não revelou detalhes sobre os motivos. A representação diplomática foi procurada, mas não respondeu às tentativas de esclarecimento.
O cancelamento foi amparado na seção 221(i) da Lei de Imigração e Nacionalidade, dispositivo legal que autoriza a revogação do visto a qualquer momento, mesmo após a emissão. A dirigente recebeu prazo de três dias úteis para se manifestar.
Coradi respondeu afirmando ter recebido a notificação “com surpresa”, reforçou não possuir antecedentes criminais ou qualquer envolvimento em atividades ilícitas e destacou que sempre forneceu informações verdadeiras em suas solicitações. Ela ainda pediu que fossem apresentados os fundamentos para a suposta inelegibilidade.
Dois dias depois, o consulado acusou o recebimento de sua resposta, mas manteve a decisão, comunicando oficialmente a cassação do documento. A justificativa apresentada foi de que a defesa da dirigente não teria sido suficiente para comprovar sua elegibilidade.
A presidente do PSOL havia obtido o visto em 2018, com validade de dez anos. Neste ano, após perder o passaporte, solicitou nova emissão e obteve um visto temporário, utilizado em agosto para participar de uma convenção socialista em Chicago. Um mês após o retorno ao Brasil, recebeu o comunicado sobre o cancelamento.
“É um motivo político, não tem outro além desse”, declarou Coradi. “Não é um ataque pessoal, mas um ataque ao PSOL pelo nosso comprometimento com a soberania”.
Ela reconhece que a medida pode atrapalhar futuros compromissos e articulações no cenário internacional, mas afirma não ter interesse em viajar aos EUA para fins turísticos. Para conseguir um novo visto, terá de iniciar novamente todo o processo, já que o consulado informou não aceitar pedidos de revisão do caso.
Desde o início da administração Trump, episódios semelhantes ocorreram: ministros do Supremo Tribunal Federal, o então ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e familiares do ministro da Saúde, Alexandre Padilha — incluindo sua filha de dez anos — também tiveram vistos suspensos. (Foto: divulgação; Fonte: Folha de SP)