
Em um raro reconhecimento internacional em meio a políticas de austeridade extrema, o representante da Unicef na Argentina, Rafael Ramírez Mesec, afirmou que quase 1,7 milhão de crianças e adolescentes saíram da pobreza no país ao longo do último ano.
“É um dado muito marcante e digno de destacar”, disse Mesec, apontando a relevância do resultado mesmo diante de uma conjuntura de forte retração nos gastos públicos.
Corte de cinco pontos do PIB
O dado vem à tona num momento em que o governo do presidente Javier Milei promove um reajuste fiscal sem precedentes, com redução de cinco pontos do Produto Interno Bruto (PIB) em despesas públicas. A medida faz parte da estratégia liberal do presidente para combater o déficit fiscal histórico argentino.
Apesar dos cortes que impactaram duramente áreas como educação, saúde e assistência social, a redução da pobreza infantil registrada pela Unicef chama atenção e contrasta com críticas frequentes sobre os efeitos sociais do ajuste.
Contexto ainda crítico
Especialistas, no entanto, alertam que a pobreza estrutural na infância ainda é elevada, e que os indicadores podem refletir flutuações momentâneas ou efeitos pontuais de programas focais mantidos ou redirecionados. A Unicef não deixou de frisar que milhões de crianças ainda vivem em condições precárias e que a proteção social continua essencial.