
Ana Barros é jornalista em Cuiabá
Hoje em dia, mais me importa o que cada um faz para mudar a si mesmo do que qualquer frase bonita.
Textos não comovem, não servem para nada, dizem obviedades já sabidas por todos. Façamos então ao menos um minuto de meditação, silêncio e reflexão em honra e memória da jovem Emelly Sena, brutalmente assassinada e arrancada sua filha do ventre, e de Vitória Regina de Cajamar , morta de forma cruel. Porque talvez esse silêncio seja mais útil que mil palavras.
Como ensinar valores humanos?
Não basta lamentar, derramar algumas lágrimas e seguir em frente. Emelly e Vitória tinham uma vida inteira pela frente, mas tiveram suas trajetórias interrompidas de maneira violenta e injustificável. E o que fazemos? Compartilhamos manchetes, comentamos em redes sociais e seguimos com nossas rotinas. Até que outra tragédia ocupe os noticiários e nos provoque a mesma indignação passageira.
Os números da violência contra mulheres e meninas só crescem. Vemos os casos e pensamos: “Que horror!” Mas quantas vezes já toleramos, relativizamos ou silenciamos diante de comportamentos que perpetuam essa cultura de violência? Quantas vezes já ouvimos piadas machistas e rimos junto? Quantas vezes ignoramos os sinais de perigo? Quantas vezes incentivamos nossas amigas a correr o perigo de trair para se vingar e tantas outras situações do dia a dia.
Hoje em dia, mais me importa o que cada um faz para mudar a si mesmo do que qualquer frase bonita. O que escrevo é para que eu me reeduque diariamente, como um mantra: não devo ser machista, não devo ser machista, não devo ser machista. Quem sabe assim, um dia, possamos viver em uma sociedade que não precise mais lamentar essas perdas.
E você? Qual é a sua parte nesse processo? Apenas lamentar?
Ana Barros é jornalista em Cuiabá.