Bolsa Família
As políticas públicas que formam o Estado de bem-estar social brasileiro devem consumir, em 2025, ao menos R$ 441 bilhões dos cofres públicos. O valor foi estimado em levantamento do portal Poder360, que somou os gastos com assistência social de municípios, estados, Distrito Federal e os principais programas de transferência de renda federais.
O Bolsa Família continua como o maior programa social do país. Em outubro de 2025, 18,9 milhões de famílias, o equivalente a 49,4 milhões de pessoas, recebiam o benefício. O custo do programa, que foi de R$ 168,2 bilhões em 2024, deve recuar ligeiramente neste ano, para R$ 158,6 bilhões, em razão do pente-fino promovido pelo governo para eliminar pagamentos indevidos.
Ainda assim, o número de brasileiros que dependem de políticas assistenciais permanece impreciso. Muitas das 5.569 prefeituras e 27 unidades federativas não divulgam dados consolidados sobre beneficiários ou recursos aplicados.
Somados, os programas Bolsa Família, BPC (Benefício de Prestação Continuada) e Pé-de-Meia atendem 29,4 milhões de pessoas. Apenas as ações federais de transferência de renda devem representar R$ 398,5 bilhões dos gastos previstos para 2025.
O núcleo central do chamado “welfare state” brasileiro é sustentado por seis programas principais: Bolsa Família, BPC, Auxílio Gás (Gás do Povo), Pé-de-Meia, Seguro Defeso e Garantia Safra. Juntos, consomem R$ 296 bilhões, valor 1,7% maior que o de 2024. O ritmo de crescimento, porém, tem desacelerado após três anos de aumento expressivo nas despesas sociais.
Programas como o BPC e o Seguro Defeso seguem em expansão, enquanto o Bolsa Família passou por uma reavaliação que reduziu o número de beneficiários e trouxe alívio parcial ao orçamento.
Desde o início dos anos 2000, o investimento social vem crescendo, impulsionado pela pandemia de covid-19. Entre 2020 e o fim de 2025, o governo federal terá desembolsado quase R$ 1,6 trilhão em benefícios. O valor médio do Bolsa Família saltou de R$ 200 para mais de R$ 600, com custo mensal de R$ 12,9 bilhões em outubro deste ano — quase R$ 10 bilhões a mais que em janeiro de 2022.
O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta conter o avanço das despesas com auditorias e exclusão de beneficiários irregulares, buscando devolver sustentabilidade ao sistema de proteção social, ao mesmo tempo em que cria novas políticas, como o Pé-de-Meia, voltado a estudantes de baixa renda.
O conceito de “welfare state”
O Estado de bem-estar social, ou welfare state, é um modelo político e econômico em que o governo assume papel central na promoção do bem-estar da população. Por meio de políticas públicas — como saúde universal, educação gratuita, seguro-desemprego e transferências de renda —, o objetivo é reduzir desigualdades e garantir segurança econômica mínima aos cidadãos.
Inspirado em modelos europeus do pós-guerra, o formato brasileiro tem caráter focalizado, priorizando grupos vulneráveis e regiões específicas. Enquanto países nórdicos mantêm políticas universais, o Brasil busca equilibrar crescimento econômico e justiça social dentro das limitações fiscais.
