
O vereador Arquimedes Dias Pedrozo (PSB), de 46 anos, e seu irmão, Agostinho Dias Pedrozo, estão sendo investigados pela Polícia Civil por promoverem passeios turísticos irregulares no Parque Estadual da Gruta da Lagoa Azul, em Nobres (151 km de Cuiabá). O local está interditado desde 2002 por causa da degradação ambiental. O caso também foi encaminhado à Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), responsável pela administração da área.
Segundo denúncia obtida pelo g1, os passeios tinham como objetivo divulgar a pousada do vereador, que fica nas proximidades do parque e oferece pacotes com diárias que incluem visitas à região ambientalmente protegida.
Procurado pela reportagem, Arquimedes não respondeu até a publicação da matéria. Já Agostinho afirmou que não é dono da pousada investigada, mas confirmou ser administrador de um rancho próximo ao parque. Ele também disse que usava o espaço como restaurante para atender turistas interessados na trilha até a Cachoeira dos Namorados, onde, segundo ele, nunca houve cobrança para uso do acesso.
— A trilha foi descoberta por mim e pelo meu pai há cerca de 40 anos. A gente frequentava a região muito antes de o turismo chegar. Existem três caminhos para lá, mas ninguém tem ido ultimamente — afirmou Agostinho.
A investigação teve início há cerca de um mês, após a Polícia Militar flagrar Arquimedes dentro do parque acompanhado de um grupo de 24 turistas. Os visitantes relataram que pagaram R$ 480 por pessoa a um guia, valor idêntico ao cobrado nas diárias da pousada do vereador, que também incluem o passeio.
Agostinho não estava entre os detidos no dia, mas um turista disse à polícia que o guia afirmou ter autorização dele para conduzir o grupo pela trilha até a cachoeira, apesar da proibição legal de acesso à área.
Entre as denúncias feitas à polícia e à Sema contra o vereador e seu irmão, estão:
- Abertura de trilhas clandestinas que ligam a pousada a cachoeiras da região;
- Construção de uma represa conhecida como “Banho da Princesa”, dentro do parque;
- Uso indevido de imagens da Cachoeira dos Namorados para divulgar pacotes turísticos;
- Desmatamento e extração ilegal de madeira;
- Construção de barracos, pontes e churrasqueiras em área de preservação;
- Instalação de placas com o nome da pousada em trilhas irregulares;
- Acúmulo de lixo e degradação das margens da cachoeira por conta da visitação sem controle.
Apesar de a pousada estar fora dos limites do parque, ela faz divisa direta com a unidade de conservação.
A Secretaria de Meio Ambiente informou que a Gerência da Unidade de Conservação já recebeu um relatório com as denúncias e está tomando as providências cabíveis. A Polícia Civil, que também acompanha o caso, manteve a investigação sob sigilo.