
O discurso de “transparência” do governo Lula (PT) parece ter entrado em modo de voo cruzeiro — e sem previsão de aterrissagem. Desde fevereiro de 2025, o Portal da Transparência, mantido pela Controladoria-Geral da União (CGU), deixou de atualizar os dados sobre viagens oficiais de servidores e autoridades do governo federal. A interrupção vem justamente no momento em que os gastos com passagens, diárias e deslocamentos batiam recordes históricos. As informações são do site Diário do Poder.
Até o congelamento das informações, os números já causavam espanto:
- R$ 37,8 milhões em passagens aéreas
- R$ 41,4 milhões em diárias e “outros gastos”
- Total: quase R$ 80 milhões em menos de dois meses — o equivalente a mais de R$ 2 milhões por dia.
Dados interrompidos no pico dos gastos
A falta de atualizações ocorre em um contexto incômodo: os anos de 2023 e 2024 já haviam registrado os maiores volumes de despesas com viagens da história do país, com mais de R$ 2,3 bilhões gastos em cada ano. Agora, 2025 parece seguir o mesmo caminho — mas sem os dados para confirmar.
Com a suspensão das atualizações, o que resta é a especulação. Ou pior: a desconfiança. E o que mais chama atenção não é só a omissão, mas o timing: os gastos estavam crescendo em ritmo acelerado, com relatos de servidores viajando em massa, aumento de diárias internacionais e deslocamentos que iam desde fóruns climáticos na Europa até eventos de “reposicionamento de imagem” no interior do Brasil.
A escalada de críticas coincidiu com a chegada de 2025 — ano que antecede eleições municipais. Coincidência? Talvez. Mas conveniência, com certeza.
Recorde de gastos, mas sem recibo
Os dados acumulados desde o início do atual mandato expõem uma contradição gritante entre o discurso de austeridade e a prática dos voos sustentados pelo contribuinte:
- 2023: R$ 2,29 bilhões em viagens oficiais
- 2024: R$ 2,34 bilhões (recorde histórico)
- 2025: Dados disponíveis apenas até fevereiro
Com essa tendência, 2025 poderia bater todos os recordes anteriores. Mas, por enquanto, o que cresce é o vazio informacional — e o buraco na transparência pública.
CGU em silêncio, governo em trânsito
Até o momento, a CGU não se pronunciou sobre os motivos do congelamento nos dados. Enquanto isso, o governo continua viajando. E o cidadão continua pagando — agora, sem saber quanto, para onde ou por quê.
No fim das contas, a única coisa verdadeiramente transparente nessa história toda é a sensação de que o dinheiro público está voando. E sem escalas para a prestação de contas.