
Em abril deste ano, completaram-se 25 anos de um dos crimes mais emblemáticos da história de Cuiabá: o assalto à agência da Caixa Econômica Federal que resultou no furto de R$ 30 milhões em joias penhoradas. Mais de duas décadas depois, os clientes lesados ainda aguardam indenização, enquanto o processo judicial continua travado na Justiça Federal.
As joias estavam guardadas em cofre da agência localizada na Avenida Historiador Rubens de Mendonça, ao lado da sede da Polícia Federal. O assalto, ocorrido em 2000, envolveu uma quadrilha armada com fuzis AR-15, metralhadoras e pistolas. Eles sequestraram a família do gerente da unidade para forçá-lo a abrir o cofre e, vestidos de terno, invadiram o local com aparência de executivos. Após cerca de três horas dentro da agência, saíram levando caixas de papelão recheadas de peças de alto valor.
Dor financeira e emocional
Entre as vítimas está o advogado Paulo Rós, que mantinha o estoque de sua joalheria no banco. Ele estima que, corrigido, o valor do prejuízo pessoal chegue a R$ 1,5 milhão. “Em 2018, tivemos uma reunião com a juíza e ficou determinado que a Caixa deveria apresentar as cautelas das mais de mil pessoas prejudicadas. Mas desde 2019 o processo está parado, concluso para decisão. É um descaso, uma desfeita da Justiça”, lamentou.
A pedagoga Hellen Patrícia também teve bens levados no assalto. Ela conta que, além da perda material, há uma ferida emocional que nunca cicatrizou. “Minhas joias tinham valor sentimental, eram presentes do meu pai e do meu marido. Deixei no banco por segurança, mas foram levadas. É muito triste”, desabafou.
Determinação judicial ignorada
Em decisão recente, a juíza federal Vanessa Curti Perenha Gasques acolheu pedido do Ministério Público Federal (MPF) e determinou que a Caixa forneça a relação completa dos contratos de penhor ativos na data do crime, além das cautelas originais. A multa por descumprimento foi fixada em R$ 5 mil por dia.
A Caixa, no entanto, recorreu da decisão, alegando que os arquivos físicos estão em Goiânia e que os dados não estão organizados por nome ou agência, o que dificultaria a localização. O MPF contesta esse argumento e afirma que a responsabilidade de guarda e recuperação das informações é da instituição.
Justiça parada
A ação movida pelo MPF também anulou a cláusula contratual que limitava a indenização a apenas 1,5% do valor avaliado, considerada abusiva. O órgão defende a restituição integral com base no preço de mercado. Ainda assim, o recurso da Caixa está há cinco anos parado no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1).
Enquanto isso, centenas de pessoas seguem esperando por Justiça. Muitos não têm mais os documentos que comprovam a penhora, já que na época as cautelas eram feitas manualmente, com papel carbono.
Com informações Gazeta Digital