
Três servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ), investigados na Operação Sisamnes da Polícia Federal (PF) por suposto envolvimento em um esquema de venda de sentenças, continuam a receber salários de até R$ 36 mil, mesmo afastados de suas funções. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo.
Servidores afastados, mas ainda na folha de pagamento
Dois desses servidores foram afastados por decisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), em novembro de 2024. Apesar disso, continuam a figurar na folha de pagamento do STJ e também respondem a processos administrativos internos.
Quem são os investigados?
- Daimler Alberto de Campos: Ex-chefe de gabinete da ministra Isabel Gallotti, é mencionado em interceptações telefônicas como supostamente envolvido na negociação de interferências judiciais por valores que poderiam chegar a R$ 250 mil. Foi exonerado de seu cargo em comissão em fevereiro de 2025, mas segue recebendo o salário-base. Em janeiro, recebeu R$ 33,3 mil e, em fevereiro, R$ 35,5 mil.
- Márcio José Toledo Pinto: Ex-assessor do gabinete da ministra Nancy Andrighi, foi afastado por decisão do STF e responde a processo administrativo no STJ. Ele é suspeito de manipular minutas de decisões judiciais em agosto de 2023. Mesmo sem exercer função desde então, recebeu R$ 22,7 mil em janeiro e R$ 16,7 mil em fevereiro.
- Waleska Bertolini Vieira Mussalem: Atuava no gabinete do ministro Moura Ribeiro e também responde a processo administrativo no STJ. Em janeiro, recebeu R$ 36,1 mil, incluindo um adiantamento de gratificação natalina, e em fevereiro, R$ 25,5 mil. Após o fim do afastamento administrativo, foi transferida para a biblioteca do tribunal.
Justificativa do STJ
O STJ esclareceu que os servidores seguem recebendo seus salários por ainda ocuparem cargos efetivos, uma vez que os processos administrativos em curso não foram concluídos. O tribunal destacou que afastamentos preventivos são remunerados e que a suspensão de pagamentos só ocorre em caso de demissão definitiva.
Além do afastamento, Daimler e Toledo Pinto estão proibidos de acessar as dependências e os sistemas do STJ, além de terem seus bens bloqueados.