
Criança com autismo é agredida por professor em escola na Zona Oeste do Rio
Uma grave denúncia de agressão dentro do ambiente escolar veio à tona neste domingo (6), após ser revelada pelo programa Fantástico, da TV Globo. Um menino de 11 anos, diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA), foi agredido por um professor de capoeira no Centro Educacional Meireles Macedo, em Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O episódio aconteceu em setembro do ano passado, mas só agora ganhou visibilidade após a divulgação das imagens registradas por câmeras de segurança da unidade.
As imagens mostram o momento exato em que o professor, durante uma aula de capoeira, dá uma rasteira no menino, identificado como Guilherme, e o joga no chão. Segundo a mãe do estudante, Joyce Siqueira, a agressão foi revelada inicialmente por um funcionário do transporte escolar. Ao questionar o filho, ela obteve detalhes do ocorrido.
De acordo com o relato da mãe, tudo começou após Guilherme ter dificuldades para acompanhar um exercício. O professor orientou que ele utilizasse uma bola para facilitar a atividade. No entanto, ao pedir o objeto a outras alunas, elas se recusaram a entregá-lo. Frustrado, Guilherme reagiu com um chute na bola, o que desencadeou uma briga entre ele e outros colegas. Durante a confusão, uma aluna atirou a bola contra ele, e a situação rapidamente evoluiu para empurrões e tapas.
Ao tentar intervir, o professor conversou com Guilherme no canto da sala. As imagens mostram que, nesse momento, o menino volta a chutar a bola. Em seguida, o professor reage com a rasteira que o derruba no chão. Segundo Joyce, o filho ainda relatou ter sido ameaçado: “Se fizer isso de novo, vou te meter a porrada”, teria dito o professor.
— Ele deitou no chão e reproduziu para mim os gestos da agressão. Eu não tive dúvidas de que algo grave tinha acontecido, mas só quando vi as imagens percebi a real gravidade — disse a mãe.
Apesar da violência sofrida, a escola suspendeu o aluno por dois dias, alegando que ele havia desrespeitado o professor e agredido os colegas. Joyce, indignada, entrou em contato com a coordenação da escola no mesmo dia e exigiu acesso às imagens da sala de aula. No pedido, ela destacou o comportamento inadmissível do professor e cobrou mais preparo dos profissionais para lidar com crianças neurodivergentes.
“Meu filho, devido ao TEA, não é uma criança fácil, sabemos disso, mas não passo a mão na cabeça dele. Sempre trabalhei em parceria com a escola. Porém, muito me surpreende um comportamento agressivo vindo de um adulto, que deveria estar preparado para lidar com crianças e com a inclusão no esporte”, escreveu.
Apesar do apelo, Joyce afirma que só foi atendida pela direção cinco dias após o ocorrido. O acesso às imagens só foi liberado cerca de seis meses depois, durante uma audiência judicial.
Em nota, o Centro Educacional Meireles Macedo informou que o professor envolvido no caso não faz mais parte do quadro de funcionários e garantiu que “todas as medidas legais necessárias foram providenciadas”.
O caso reacende o debate sobre a preparação de profissionais da educação para lidar com alunos com deficiência e destaca a importância da inclusão, do respeito às diferenças e da atuação responsável dentro das escolas. A família aguarda os desdobramentos da investigação e cobra justiça pelo que aconteceu com Guilherme.
Veja nota:
Ao longo de sua trajetória, a escola consolidou-se como um espaço educacional inclusivo, comprometido com o desenvolvimento integral dos estudantes, através de um ambiente acolhedor, respeitoso e estimulante.
Em relação ao episódio envolvendo o professor, esclarecemos que, tão logo que a instituição tomou ciência do ocorrido, o professor deixou de fazer parte do nosso corpo docente, por entendermos que a conduta adotada era incompatível com os princípios pedagógicos. Além disso, todas as medidas legais necessárias foram providenciadas.
Reafirmamos nosso compromisso com a segurança, o respeito e o bem-estar de todos os estudantes, valores que são inegociáveis e que norteiam nossa prática pedagógica. Condutas que contrariem esses princípios não são toleradas e são tratadas com a seriedade que o contexto exige.
A escola permanece à disposição das familias para quaisquer esclarecimentos, reforçando a importância do diálogo e da parceria entre instituição e responsáveis na construção de um ambiente educacional seguro e acolhedor para todos.