
A Corregedoria Geral da Sejus acompanha o cumprimento dos mandados e promete tomar todas as medidas disciplinares cabíveis contra os servidores investigados.
A Polícia Civil de Mato Grosso, com apoio da Secretaria de Estado de Justiça (Sejus), deflagrou na manhã desta segunda-feira (14) a Operação Shadow, que mira um grupo criminoso responsável por facilitar a fuga de dois detentos do Centro de Ressocialização Industrial Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande, no ano passado.
Ao todo, a operação cumpre 35 ordens judiciais expedidas pela juíza Edna Ederli Coutinho, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo) de Cuiabá. As ações estão sendo realizadas nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis e Poconé.
Entre as medidas judiciais, estão:
- 11 mandados de prisão preventiva
- 12 mandados de busca e apreensão
- 6 bloqueios de valores
- 3 sequestros de veículos
- 3 sequestros de bens e imóveis
Participação de servidores públicos
As investigações conduzidas pela GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado), Draco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado) e Gepol (Polinter e Capturas) revelaram um plano estratégico articulado com o envolvimento de agentes públicos. Entre os alvos estão dois policiais penais, investigados pelos crimes de facilitação de fuga e integração a organização criminosa.
A Corregedoria Geral da Sejus acompanha o cumprimento dos mandados e promete tomar todas as medidas disciplinares cabíveis contra os servidores investigados.
Fuga articulada
A fuga ocorreu em 14 de julho de 2023, quando os dois presos deixaram a penitenciária com autorização para realizar serviços extramuros e não retornaram.
Os fugitivos são:
- G.R.S., conhecido como “Vovozona”, apontado como liderança de facção criminosa no sul do estado.
- T.A.F.O., condenado por homicídio em Chapada dos Guimarães e envolvido em uma tentativa anterior de fuga.
Segundo a apuração, a saída foi facilitada por um policial penal, que transportou os detentos em uma caminhonete oficial F-250 do sistema penitenciário. O diretor da unidade prisional, à época dos fatos, também está entre os investigados por autorizar irregularmente a saída dos presos.
Desarticulação do grupo
De acordo com o delegado Rodrigo Azem Buchdid, titular da Draco, a investigação identificou todo o esquema criminoso, que contou com apoio logístico (veículos, imóveis e dinheiro) e a participação ativa de servidores públicos.
“A operação tem como objetivo desarticular essa estrutura organizada que possibilitou a fuga. Foi um plano bem articulado e executado com suporte interno e externo”, afirmou o delegado.
Sobre a Operação Shadow
O nome “Shadow” (sombra, em inglês) faz alusão aos rastros deixados pelos fugitivos e que levaram à identificação da rede envolvida na fuga.
A ação integra o programa Tolerância Zero contra Facções Criminosas, do Governo de Mato Grosso, e está vinculada à Operação Inter Partes, da Polícia Civil. A iniciativa também conta com apoio da Rede Nacional de Unidades Especializadas no Enfrentamento das Organizações Criminosas (Renorcrim), coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.