
Durante participação na Brazil Conference, evento realizado nos Estados Unidos pela comunidade de estudantes brasileiros, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez duras críticas à Operação Lava Jato, chegando a classificar a força-tarefa como uma “organização criminosa” e comparando suas práticas às ações do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das principais facções do narcotráfico no Brasil.
“Fico muito orgulhoso de ter participado desse processo de ‘desmanche da Lava Jato’, porque era uma organização criminosa”, afirmou o ministro neste sábado (12), em sua fala durante o evento, que ocorre na Universidade de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Gilmar afirmou que começou a perceber excessos na condução da operação e suspeitou de articulações entre o então juiz Sergio Moro (sem citá-lo nominalmente) e os procuradores do Ministério Público Federal. As suspeitas teriam sido confirmadas posteriormente pelo vazamento de mensagens entre membros da força-tarefa, conhecido como “Vaza Jato”, e pela Operação Spoofing, da Polícia Federal.
“Tudo aquilo que se revelou na chamada ‘Vaza Jato‘, e depois na Operação Spoofing, parece que eu já sabia”, disse o decano do STF. Segundo ele, o grupo da Justiça Federal que atuava em Curitiba operava como uma “organização criminosa”.
Gilmar também criticou a chamada “Fundação Dallagnol”, projeto idealizado pelo ex-procurador Deltan Dallagnol para usar recursos obtidos em acordos judiciais no financiamento de ações anticorrupção, como palestras. Para o ministro, os diálogos revelados entre procuradores e juízes possuíam um nível de articulação comparável ao de facções criminosas. “O que a gente escuta, falando como eles iriam destruir a vida empresarial do empresário A, B ou C, a gente pensa que é uma conversa do PCC”, declarou.
As declarações acirraram novamente o debate sobre os métodos utilizados na Lava Jato, considerada por muitos como uma das maiores operações de combate à corrupção da história do país, mas que vem sendo alvo de fortes críticas quanto à legalidade e à imparcialidade de seus procedimentos.