
Dois anos após ser retirada do Programa Nacional de Desestatização (PND), a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos registrou, em 2024, o primeiro prejuízo bilionário desde 2016. A estatal encerrou o ano com um resultado negativo de R$ 2,6 bilhões, número quatro vezes maior que o prejuízo de R$ 597 milhões registrado em 2023.
Diante do cenário crítico, o governo Lula (PT) tenta blindar a empresa e anunciou, nesta segunda-feira (12/5), um pacote de sete medidas para conter as despesas e reorganizar a estatal, que enfrenta dificuldades para equilibrar suas contas.
Entre as ações, destacam-se a prorrogação do Programa de Desligamento Voluntário (PDV), a suspensão temporária das férias a partir de junho de 2025 e o retorno obrigatório ao trabalho presencial a partir de 23 de junho. Além disso, será implementado um novo modelo de plano de saúde e incentivo à redução de jornada com ajuste proporcional de salário.
Segundo a direção da estatal, as mudanças devem gerar uma economia de até R$ 1,5 bilhão em 2025. Paralelamente, os Correios firmaram parceria com o New Development Bank (NDB), conhecido como Banco dos Brics, para captar R$ 3,8 bilhões em investimentos — processo ainda em andamento.
Empréstimos e Investimentos
Para aliviar o caixa, a estatal contratou no fim de 2024 operações de crédito junto aos bancos ABC e Daycoval, no valor total de R$ 550 mil, com início de pagamento em julho de 2025. Apesar do prejuízo, os Correios afirmaram ter investido R$ 830 milhões no último ano em renovação de frota, infraestrutura e tecnologia.
Contexto Político
Desde o início do governo Lula, outras estatais como EBC, Dataprev e Serpro também foram retiradas da lista de privatizações. A estratégia do governo é reestruturar empresas consideradas estratégicas para o Estado.
Em janeiro deste ano, após os Correios acumularem um déficit de R$ 3,2 bilhões em 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se no Palácio do Planalto com o presidente da estatal, Fabiano Silva dos Santos, e ministros para discutir o futuro da empresa. “Quando uma empresa é sucateada como ela foi para ser vendida, a gente tem um trabalho grande de recuperação”, afirmou Santos à época.
A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, reforçou que a estatal passa por um reposicionamento para atuar como operadora logística nacional, o que demanda investimentos estruturais.
Histórico
O último prejuízo bilionário dos Correios havia ocorrido em 2016, quando a companhia registrou R$ 1,5 bilhão negativos — valor que, corrigido, ultrapassa R$ 2,3 bilhões. A situação atual reforça o desafio do governo em recuperar a estatal e manter sua operação sustentável diante da concorrência crescente no setor de logística e e-commerce.