
A influenciadora e musa fitness Gracyanne Barbosa voltou a chamar atenção nas redes sociais, mas desta vez por um motivo inusitado e delicado: ela revelou que adotou um bebê reborn — boneca hiper-realista que imita com impressionante fidelidade um recém-nascido. Com bom humor e carinho, Gracyanne compartilhou a novidade com seus seguidores, despertando curiosidade, comoção e também reflexões sobre os laços emocionais que envolvem esse tipo de objeto.
Os bebês reborn são criados com um nível de detalhamento que impressiona: pele com textura, veias visíveis, peso semelhante ao de um bebê de verdade e até cheiro de recém-nascido. Embora inanimados, eles são tratados por muitos adultos — principalmente mulheres — como verdadeiros filhos. São alimentados, vestidos, embalados e até recebem certidões de nascimento fictícias.
A relação, porém, vai muito além da aparência. Segundo a psicanalista Fabiana Guntovitch*, especialista em comportamento, esse fenômeno revela camadas psíquicas profundas. “A conexão com o bebê reborn pode ativar processos inconscientes como projeção, identificação e elaboração simbólica de vivências de carência afetiva ou perdas não elaboradas”, afirma. Em outras palavras, cuidar de um bebê reborn pode ser, para algumas pessoas, uma forma de acolher partes frágeis da própria história emocional.
De acordo com Guntovitch, essas bonecas representam uma maternidade idealizada — sem frustrações, sem noites maldormidas, sem exigências reais. “É um objeto de amor total, que permite viver a fantasia da maternidade sob controle absoluto”, diz. Em situações como luto gestacional, infertilidade ou solidão, esse vínculo pode ter uma função de reparação simbólica e ajudar na elaboração de dores profundas.
A psicanalista também destaca que o uso terapêutico dos bebês reborn é válido e reconhecido em contextos clínicos, como no tratamento de idosos com demência ou em processos de luto. No entanto, ela faz um alerta: é preciso atenção quando o apego à boneca passa a substituir as relações humanas. “Nesse caso, pode ser sinal de sofrimento psíquico ou isolamento afetivo”, pondera.
Ao adotar publicamente um bebê reborn, Gracyanne Barbosa deu visibilidade a um fenômeno que mistura afeto, fantasia e mecanismos inconscientes de enfrentamento da dor. Para Guntovitch, o que está em jogo vai além de uma simples boneca: trata-se da busca humana por segurança emocional, pela tentativa de preencher ausências e de construir vínculos que, mesmo simbólicos, têm enorme significado psíquico.