
A Justiça Eleitoral manteve em andamento a ação que pode levar à cassação do prefeito de Chapada dos Guimarães, Osmar Froner (União), por suspeitas de caixa dois e compra de votos durante as eleições de 2024. A decisão foi tomada pelo juiz Renato José de Almeida Costa Filho, da 34ª Zona Eleitoral, e publicada nesta segunda-feira (14) no Diário da Justiça Eletrônico (DJE).
Além do prefeito, são alvos da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida pela ex-vereadora Fabiana Nascimento (PSDB) o vice-prefeito Carlos Eduardo de Lima Oliveira (PSD) e o atual secretário de Governo e vereador licenciado, Gilberto Schwarz de Mello (PL).
A defesa dos investigados argumenta não haver provas das acusações, negando a existência de pagamentos ilícitos fora da prestação de contas da campanha, contratações irregulares por meio da OSCIP AGAP e participação indevida do prefeito em inauguração de obra pública durante o período eleitoral. Eles pedem a anulação da ação.
No entanto, o juiz rejeitou os pedidos de anulação e reforçou a necessidade de aprofundar a apuração. “As questões suscitadas demandam dilação probatória, com a produção de provas em contraditório, especialmente a oitiva das testemunhas arroladas pelas partes”, destacou o magistrado.
Foi marcada para o dia 16 de maio, às 13h30, a audiência de instrução do caso.
As acusações
A denúncia apresentada por Fabiana Nascimento tem como base uma declaração em cartório de Rogério de Araújo Pereira, ex-coordenador de campanha do PL, que afirma ter atuado diretamente na campanha de Gilberto Mello. Segundo ele, houve cadastramento de eleitores em troca de dinheiro e pagamentos por fora da contabilidade oficial da campanha.
Rogério relatou ter recebido R$ 3 mil de Guilherme Henrique de Oliveira, apontado como articulador do suposto esquema e conhecido como “o homem da mala”. Ele também declarou ter repassado R$ 67 mil a famílias cadastradas para compra de votos.
Guilherme teria sido recompensado com o cargo de diretor-geral do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Chapada. O restaurante de sua propriedade, o Guilas Grill, também teria sido usado para justificar movimentações financeiras suspeitas.
A denúncia ainda acusa a OSCIP AGAP de ter sido usada de forma irregular para favorecer os investigados, especialmente por meio de contratações de pessoal com fins eleitorais.
A Justiça Eleitoral já autorizou a quebra dos sigilos bancário e telefônico de Guilherme Henrique, referente ao período entre agosto e outubro de 2024, para apurar as movimentações relacionadas às acusações.