
Uma denúncia grave de violência obstétrica envolvendo a médica obstetra Anna Beatriz Herief veio à tona nesta semana, após reportagem exibida pelo programa Fantástico. A profissional, que atua há mais de 14 anos, foi acusada de cortar por engano a bexiga de uma paciente durante uma cesariana de emergência, no lugar do útero. O caso aconteceu no Rio de Janeiro e resultou na suspensão do registro profissional da médica pelo Conselho Regional de Medicina do estado.
De acordo com a matéria, a falha foi identificada pela equipe médica chamada para substituir Anna no meio da cirurgia. Um perito contratado pela família da vítima, o médico Ivo Costa Júnior, analisou as imagens do procedimento e confirmou o erro. “As imagens são surreais. Retirado o feto por dentro da bexiga… algo nunca visto na obstetrícia”, relatou o especialista.
Em sua defesa, a médica alegou, por meio de nota, que o movimento foi proposital devido a uma aderência pélvica incomum da paciente, resultado de uma cesariana anterior. Segundo a justificativa, a situação teria comprometido a anatomia pélvica, dificultando a cirurgia.
O caso envolveu Larissa, mãe da criança, que enfrentou um trabalho de parto de 12 horas, sendo que seis delas teriam transcorrido sem avanços significativos. Após tentativas de parto humanizado, a situação se agravou com a queda dos batimentos cardíacos do bebê, forçando a equipe a realizar a cesárea de emergência. O bebê, Louie, nasceu sem sinais vitais e só foi reanimado após manobras de ressuscitação. Hoje, com cerca de um ano de idade, o menino enfrenta um futuro incerto devido à falta de oxigenação no parto e aos possíveis danos neurológicos, que ainda estão sendo investigados.
Outro detalhe preocupante revelado pela reportagem é que, durante a cirurgia, tanto a obstetra quanto outros profissionais da equipe foram flagrados utilizando seus celulares dentro da sala de operação — uma prática proibida e de extrema imprudência em ambientes cirúrgicos.
O caso reacende o debate sobre violência obstétrica e a necessidade de rigor e ética na condução de partos, além de maior fiscalização em ambientes hospitalares. A defesa de Anna Beatriz destacou que a médica contabiliza mais de 500 partos e apenas um óbito fetal em sua carreira, mas a gravidade do episódio e suas consequências seguem em apuração pelas autoridades médicas e jurídicas.