
E tudo com preços populares, de quem cozinha pensando no outro, não na margem de lucro.
Não se trata apenas de milho. Também não é só uma feira gastronômica. A 6ª edição do Festival da Pamonha da Comunidade Rio dos Peixes, que começa nesta sexta-feira (18) e segue até a próxima segunda (21), é um ato de resistência cultural, de sobrevivência econômica e de afirmação identitária para quem vive à margem – não só da rodovia MT-251, mas de políticas públicas contínuas.
O evento, que reúne 56 pontos de venda e movimenta toneladas de milho transformado em iguarias, é uma celebração do que o campo sabe fazer melhor: unir o sabor à história. Pamonha de jiló com linguiça apimentada, chica doida, caldo de kenga, cuscuz pantaneiro e outros pratos desfilam não só em panelas, mas em memórias e afetos compartilhados por gerações.
E tudo com preços populares, de quem cozinha pensando no outro, não na margem de lucro.
Mas o festival vai além da culinária. Ele impulsiona o turismo, sustenta pequenos empreendedores, move o comércio local e cria vínculos que não são encontrados em nenhuma grande rede de fast food. É nesse modelo de feira, onde o visitante para por 10 ou 20 minutos e deixa um pouco de si ao levar um sabor novo, que o Rio dos Peixes ganha força como destino e não mais como simples rota de passagem.
Durante o lançamento oficial do evento, a Secretaria Municipal de Turismo (SMTur) reforçou a importância do apoio institucional. O prefeito Abilio Brunini, apesar das dificuldades financeiras, assegurou a infraestrutura mínima. E que bom que o fez — porque eventos como este merecem não só reconhecimento, mas políticas públicas que os coloquem como parte do desenvolvimento sustentável da cidade.
Cleberson Oliveira, da Pamonharia Natural do Milho Verde, falou com orgulho sobre o potencial turístico do evento. Katia Maraiki, da Pamonharia do Divino, resumiu com precisão: “Queremos que os turistas parem, conheçam o Rio dos Peixes e experimentem a nossa pamonha.” Já Nilmo Garcia, do Recanto da Onça, lembrou que, da 1ª edição até agora, o consumo de milho saltou de 4 para 40 toneladas – número que diz muito sobre o crescimento e impacto direto na renda das famílias da região.
Entre apresentações culturais, música regional e muito aroma de milho cozido no ar, o Festival da Pamonha mostra que comida também é política, território e poesia.
Ali, entre barracas coloridas, barrigas cheias e histórias contadas à beira da estrada, está o Brasil que resiste, transforma e alimenta.