Polícia aponta que empresário teria recebido alerta sobre operação e tentado ocultar provas

A Polícia Civil de Mato Grosso apurou que a Operação Suserano, deflagrada em setembro de 2024 para investigar supostas compras superfaturadas de kits agrícolas com recursos de emendas parlamentares, pode ter sido alvo de vazamento. O principal beneficiado, segundo a investigação, teria sido o empresário Alessandro do Nascimento, conhecido como Sandro Tubarão, apontado como líder do esquema junto com sua filha, Ana Caroline Ormond.

De acordo com o inquérito conduzido pela delegada Juliana Rado, na noite anterior à operação, Alessandro comprou passagens aéreas de última hora para ele e a família, retirou documentos da própria casa e se desfez de aparelhos eletrônicos. Imagens do Aeroporto Internacional Marechal Rondon confirmam que ele embarcou na madrugada de 24 de setembro, horas antes da ação policial.

A Polícia Civil relatou que, ao cumprir mandados de busca na residência e na loja Tubarão Sports, constatou indícios de saída recente, além de vestígios de malas e roupas manuseadas. Canhotos de cheques com anotações suspeitas, documentos relacionados a contratos públicos e até um caderno com a expressão “queimar documentos” também foram apreendidos.

Ainda segundo a investigação, Alessandro teria deixado um celular e um notebook em uma loja no aeroporto, administrada por uma amiga da família, e duas caixas de documentos na casa de conhecidos, na noite anterior à operação.

A Operação Suserano teve como alvos o empresário, sua filha, o então secretário de Agricultura Familiar Luiz Artur de Oliveira Ribeiro, conhecido como Luluca Ribeiro (MDB), e outros investigados. O caso começou após auditoria da Controladoria-Geral do Estado constatar superfaturamento de até 80% na compra de kits agrícolas, adquiridos com recursos de emendas parlamentares, totalizando R$ 28 milhões.

A delegada Juliana Rado concluiu que há indícios de crimes contra a administração pública, tentativa de obstrução de Justiça e destruição de provas. Como a investigação também aponta possível relação com o pleito eleitoral de 2024, o inquérito foi encaminhado para a Polícia Federal.