
Ele disse que a banda não se abala com as críticas e que a repercussão acabou fortalecendo a identidade do Ira!: “Saímos maiores dessa história”.
Após enfrentar boicotes e cancelamentos de shows, o vocalista da banda Ira!, Nasi, quebrou o silêncio nesta quinta-feira (10), em entrevista à Billboard Brasil. A polêmica teve início após declarações contrárias à anistia dos presos pelos atos de 8 de janeiro, além de confrontos com apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro durante uma apresentação em Contagem (MG).
Nasi afirmou que os cancelamentos foram decididos em comum acordo com os contratantes. “Houve um bombardeio desses fascistas. Eles agem de forma fascista”, declarou. Segundo a produtora responsável, os shows em Jaraguá do Sul, Blumenau, Pelotas e Caxias do Sul foram suspensos após uma onda de cancelamentos de ingressos e retirada de patrocínios.
A empresa ainda criticou a postura da banda, alegando que “artistas deveriam subir ao palco apenas para apresentar suas músicas”. Nasi rebateu: “Esse movimento é fabricado. Recebemos mensagens de gente de Manaus dizendo que não iria ao show… mas nunca iriam mesmo! É o gabinete do ódio em ação”.
Ele disse que a banda não se abala com as críticas e que a repercussão acabou fortalecendo a identidade do Ira!: “Saímos maiores dessa história”.
Bastidores da treta
Tudo começou durante a execução da música Rubro Zorro, quando o público começou a gritar “Sem anistia!”. Nasi apoiou o coro, o que gerou reações de parte da plateia. “Fui vaiado por alguns e comentei. Foi algo espontâneo. Não tinha como prever. Não foi jogada de marketing”, explicou.
Apesar da reação negativa, o cantor garante que teve mais apoio do que ataques. “Mensagens com emoji de cocô e ‘comunista lixo’ não me afetam. Medimos: 80% das mensagens foram de apoio. Meu Instagram cresceu 10%, mesmo bloqueando muita gente.”
“Rock de direita? Por causa de dois idiotas?”
Nasi questionou a narrativa de que o rock teria se tornado conservador. “Cansado de ouvir que o rock virou de direita. Por causa de dois ou três idiotas? Quem quiser, vai curtir o Ultraje a Rigor. Eles têm seis shows no ano. Nós temos 50.”
O vocalista também afirmou que não faz seleção de público, mas rejeita a extrema-direita: “Não quero público fascista. Não posso impedir que escutem, mas não é do meu agrado. O Ira! é progressista, democrático. Passamos pela ditadura”.
“Não cometi crime. Vergonha deveria ter o ídolo deles”
Na entrevista, Nasi também alfinetou Gusttavo Lima, apontando que ele responde a processos por lavagem de dinheiro. “Eu não cometi nenhum crime. Eles têm como ídolo alguém investigado. E a vergonha é minha?”, provocou.
Encerrando com tom firme, Nasi reforçou que está em paz com sua postura: “A caravana passa, os cachorros latem. E nós estamos envelhecendo com dignidade. Infelizmente, muitos da minha idade não estão”.