
Com apenas 9 anos, Maria de Fátima Pinheiro Melo virou porta-voz de um incômodo antigo entre os estudantes da rede pública de Juazeiro do Norte (CE): a repetição exaustiva de soja no cardápio escolar. Em uma audiência pública da Câmara Municipal realizada na última sexta-feira (6), a menina pediu a palavra e, diante de vereadores e moradores, soltou o desabafo que viralizou nas redes sociais.
“É todo dia… É cuscuz com soja, é pão com soja, é sopa com soja. Ninguém aguenta mais comer soja. Só está faltando ter suco de soja”, disse a aluna, provocando risos no plenário. “A gente veio pedir a vocês, vereadores, que mandem pelo menos uma carninha aí para nós.”
O episódio aconteceu durante a primeira edição do projeto “Câmara com o Povo”, na sede da ONG Missão Baluarte, no Sítio Logradouro, zona rural do município. O tema do encontro era “Cidadania e Inclusão”, mas foi a espontaneidade da estudante que dominou o debate e escancarou uma reclamação recorrente das famílias da comunidade.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, a mãe da aluna, Alane Kelly Cassiano Pinheiro Melo, afirmou que a filha apenas verbalizou o que muitos já comentavam nos corredores da escola e em casa. “Ela não falou só por ela. Falou por muita gente”, disse.
O que diz a prefeitura
Procurada pelo jornal, a Prefeitura de Juazeiro do Norte reconheceu que há problemas no fornecimento de carne vermelha, mas garantiu que o cardápio não se resume à proteína vegetal. No entanto, a fala da criança e os relatos de moradores indicam que a soja tem sido presença constante e predominante nas refeições escolares.
O caso repercutiu nacionalmente e reacendeu o debate sobre a qualidade e a variedade da alimentação oferecida nas escolas públicas, especialmente em regiões mais vulneráveis.